6.2.09

Corte de apoios ameaça centro de deficientes

Roberto Bessa Moreira, Paredes, in Diário de Notícias

Paredes. Aulas de formação profissional no Emaús em risco de extinção

Subsídio da câmara local evitou o encerramento imediato da associação


Um grupo de 25 formandos deficientes mentais corre o risco de ficar sem aulas de carpintaria, costura e malha na sequência do corte de um subsídio de 65 mil euros que, ano após ano, vinha sendo atribuído pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) ao Emaús - Associação de Apoio ao Deficiente Mental de Paredes.

Também um apoio de 17 mil euros da Segurança Social está em perigo, o que obrigou a Câmara Municipal de Paredes a conceder um subsídio de cinco mil euros por mês para que as portas do pólo de Paredes desta instituição se mantivessem abertas.

A solução definitiva passa por transformar as oficinas em centro de actividades ocupacionais, mas os directores do Emaús queixam-se da burocracia excessiva que atrasa a concretização do projecto.

Há 25 anos que as oficinas de preparação pré-profissional do Emaús acolhem deficientes mentais vindos de quase todas as freguesias do concelho de Paredes. As aulas começam, todos os dias da semana, logo às 08.30 e os formandos só voltam a casa às 17.30. Desde o início que os custos desta formação profissional vinham sendo suportados pelo IEFP, nomeadamente o pagamento dos salários dos formadores.

O primeiro problema surgiu há dois anos, quando um quinto formador, de serralharia, reformou-se e o IEFP não autorizou a sua substituição. Mas, foi já em Outubro do ano passado que a situação se agudizou. "Nessa altura, fizemos a candidatura para 2009 e fomos surpreendidos com a suspensão do apoio habitual, cerca de 65 mil euros", conta a mesma fonte da direcção.

Na carta enviada ao Emaús, o IEFP justificava o corte do subsídio com o facto do programa de preparação pré-profissional para pessoas deficientes ter deixado de estar contemplado pelo Programa Operacional de Potencial Humano.

"Ainda tentamos negociar directamente com o Centro de Emprego de Penafiel, mas disseram-nos que era impossível continuar com o apoio, pois a legislação já não o permitia", frisa António Cardoso.

Com o fim do apoio do IEFP deve terminar o subsídio de 17 mil euros que a Segurança Social atribuía para o pagamento das refeições. Sem 82 mil euros, o Emaús teve de recorrer à câmara para não fechar portas, o que levou a autarquia a aprovar um subsídio de cinco mil euros por mês até que a situação esteja resolvida.