Roberto Bessa Moreira, Paredes, in Diário de Notícias
Paredes. Aulas de formação profissional no Emaús em risco de extinção
Subsídio da câmara local evitou o encerramento imediato da associação
Um grupo de 25 formandos deficientes mentais corre o risco de ficar sem aulas de carpintaria, costura e malha na sequência do corte de um subsídio de 65 mil euros que, ano após ano, vinha sendo atribuído pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) ao Emaús - Associação de Apoio ao Deficiente Mental de Paredes.
Também um apoio de 17 mil euros da Segurança Social está em perigo, o que obrigou a Câmara Municipal de Paredes a conceder um subsídio de cinco mil euros por mês para que as portas do pólo de Paredes desta instituição se mantivessem abertas.
A solução definitiva passa por transformar as oficinas em centro de actividades ocupacionais, mas os directores do Emaús queixam-se da burocracia excessiva que atrasa a concretização do projecto.
Há 25 anos que as oficinas de preparação pré-profissional do Emaús acolhem deficientes mentais vindos de quase todas as freguesias do concelho de Paredes. As aulas começam, todos os dias da semana, logo às 08.30 e os formandos só voltam a casa às 17.30. Desde o início que os custos desta formação profissional vinham sendo suportados pelo IEFP, nomeadamente o pagamento dos salários dos formadores.
O primeiro problema surgiu há dois anos, quando um quinto formador, de serralharia, reformou-se e o IEFP não autorizou a sua substituição. Mas, foi já em Outubro do ano passado que a situação se agudizou. "Nessa altura, fizemos a candidatura para 2009 e fomos surpreendidos com a suspensão do apoio habitual, cerca de 65 mil euros", conta a mesma fonte da direcção.
Na carta enviada ao Emaús, o IEFP justificava o corte do subsídio com o facto do programa de preparação pré-profissional para pessoas deficientes ter deixado de estar contemplado pelo Programa Operacional de Potencial Humano.
"Ainda tentamos negociar directamente com o Centro de Emprego de Penafiel, mas disseram-nos que era impossível continuar com o apoio, pois a legislação já não o permitia", frisa António Cardoso.
Com o fim do apoio do IEFP deve terminar o subsídio de 17 mil euros que a Segurança Social atribuía para o pagamento das refeições. Sem 82 mil euros, o Emaús teve de recorrer à câmara para não fechar portas, o que levou a autarquia a aprovar um subsídio de cinco mil euros por mês até que a situação esteja resolvida.


