4.2.09

Crise trouxe nova força à moeda única europeia

in Diário de Notícias

Quando o Euro nasceu, na então Europa a 15, houve três países que preferiram não avançar para a moeda única - Reino Unido, Suécia e Dinamarca. Desde aí, à medida que o alargamento a leste prosseguiu, o clube do euro ganhou já quatro novos membros, mas os relutantes do início mantêm-se. Resta saber até quando. Segundo o comissário europeu para os Assuntos Económicos, Joaquín Almunia, existe uma "forte possibilidade" de o Reino Unido aderir a prazo à Zona Euro. E, segundo o mesmo responsável europeu, também suecos e dinamarqueses poderão ir por esse caminho.

Com certa má fama por se suspeitar que ajudou à inflação quando foi introduzido, o euro tem também óbvias vantagens. Sabe-o quem viaja pela Europa (acabaram-se os câmbios e as moedas por gastar que enchem os bolsos no regresso) e sobretudo quem faz negócios com o estrangeiro. E agora sabem-no também todos os outros, pois desde o início da actual crise económica o euro tem mostrado uma resistência às flutuações cambiais superior à de moedas como o dólar americano ou a libra britânica. E isso, no caso por exemplo de Portugal, permitiu impediu que à crise financeira se somasse uma crise cambial, com todas as repercussões que isso teria sobre a crise geral. Não admira, pois, que os governantes britânicos e nórdicos venham a repensar a sua atitude. Mesmo que as opiniões públicas, sobretudo no Reino Unido, continuem muito reticentes.



Em tempo de crise aguda, aparece sempre o impulso de rever o que foi mal feito e o apelo ao regresso às boas práticas, entendidas como valores básicos, indispensáveis a uma convivência civilizada. Em Davos, todos os olhares se viraram para Londres, em Abril, e a reunião do G20, na qual se apresentarão as conclusões de 20 grupos temáticos para a reforma das instituições e regras de funcionamento da economia e das finanças globalizadas.

À falta de propostas concretas, falou-se do regresso ao essencial: premiar o trabalho, o esforço, o investimento e a inventiva, a frugalidade do estilo de vida dos ricos e a sua remuneração adequada segundo os resultados efectivos, a responsabilidade social e ambiental, o esforço conjunto para acabar com a vergonha colectiva que é a persistência da pobreza extrema, da pobreza que mata.

Dir-se-á que estes princípios só existiram nas obras dos grandes pensadores progressistas nas diversas culturas e que a ganância dos banqueiros de Wall Street que, depois de terem visto as suas instituições salvas da ruína no último minuto pelos dinheiros públicos, lhes permite atribuirem-se prémios de 18 mil milhões de dólares em fins de 2008 é o oposto de tudo isto. Lembra o canto de cisne de um mundo sem futuro.