3.2.09

MNE contra discriminação laboral em Inglaterra

in Diário de Notícias

Trabalho. A contratação de pouco mais de uma centena de portugueses e italianos para trabalhar numa refinaria desencadeou fúria operária


Greve contra portugueses e italianos continua

O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Luís Amado, considerou ontem inaceitável qualquer tentativa de discriminação de trabalhadores, portugueses ou não, e sustentou que quaisquer dificuldades laborais têm de ser resolvidas no quadro legal.

"Essa tentativa de discriminação é absolutamente inaceitável para o Governo português", disse Luís Amado, à margem da cerimónia de transferência da presidência da Comunidade Ibero-Americana em Lisboa, questionado pela Lusa sobre os recentes protestos no Reino Unido contra a contratação de trabalhadores estrangeiros.

O ministro disse que o Governo está a acompanhar a situação no Reino Unido - onde se têm registado protestos contra a contratação de trabalhadores estrangeiros, designadamente portugueses e italianos - através da Secretaria de Estado das Comunidades e da embaixada de Portugal em Londres e que recebeu "garantias de que não haverá qualquer discriminação" e de que o quadro legal será respeitado.

"Queremos enfatizar a absoluta responsabilidade que os governos têm de assumir de evitar uma deriva proteccionista, xenófoba, nacionalista, que se não for travada muito rapidamente, por iniciativas muito fortes dos governos, nos pode arrastar para uma crise ainda maior", acrescentou o ministro. Luís Amado frisou, neste contexto, que o Governo português quer "exprimir uma mensagem muito forte de princípio quanto ao que devem ser as atitudes dos governos", no sentido de que "independentemente das dificuldades que as empresas conhecem" as ultrapassem "de acordo com a lei e não de acordo com princípios de discriminação".

"Muitas empresas vão despedir pessoal, um pouco por toda a Europa, mas o que é importante é que, independentemente de [os trabalhadores] serem portugueses ou de outra nacionalidade, esse processo de ajustamento das empresas à nova realidade económica se desenvolva sem discriminação e sem a violação de princípios fundamentais que regem hoje o espaço europeu", insistiu.

Os protestos no Reino Unido tiveram início quando a empresa petrolífera francesa Total atribuiu à empresa italiana IREM um contrato de construção de uma unidade de refinaria em Lindsey, no Leste de Inglaterra. Cerca de cem trabalhadores portugueses e italianos trabalham na obra, número que deverá subir para 400 em Março. Os sindicatos britânicos queixam-se de que os trabalhadores que representam não tiveram oportunidade de se candidatarem aos empregos, num contexto de aumento da taxa de desemprego no país, actualmente nos 6,1%. LUSA