3.2.09

Portugueses a estudar em Espanha recorrem ao crédito

Ana Bela Ferreira, in Diário de Notícias

Medicina. Entre os portugueses que estão a licenciar-se na área da Saúde na Europa, são cada vez mais os que têm de pedir empréstimos para concluir o curso. Muitos estão revoltados por existir a ideia de que só os mais ricos vão para fora


Estado só é fiador dos que estudam em Portugal

"Pedi empréstimo em Setembro por causa da crise e foi muito difícil de conseguir" Mariana, nome fictício, frequenta o último ano de Medicina em Badajoz, Espanha. Tal como ela, muitos dos 700 portugueses que, segundo o Ministério da Saúde, estão a estudar Medicina fora do País, tiveram de recorrer ao crédito bancário para acabar o curso - , especialmente no Reino Unido, República Checa e Espanha.

Mas em relação a este último, o número de pedidos de empréstimos para os alunos que ali estão a estudar disparou este ano lectivo porque deixou de ser possível a estudantes estrangeiros candidatarem-se às bolsas espanholas, apurou o DN. Agora, e devido à crise económica, o Governo espanhol limitou a ajuda nos estudos aos espanhóis ou aos estrangeiros cujos pais trabalham em Espanha.

Este ano lectivo não registou apenas mais pedidos de empréstimos entre os alunos que estão lá fora: também em Portugal, onde esta ajuda chegou a 5500 alunos do ensino superior.

Após cinco anos de esforço para pagar o curso, Mariana teve que recorrer a um empréstimo de 8500 euros, para suportar o último ano. Começa a pagar em Janeiro de 2010, quando entrar para o mercado de trabalho. As propinas em Badajoz chegam a custar dois mil euros por ano.

À semelhança de Mariana, também Carolina (nome fictício) pediu empréstimo no início do ano lectivo. Recebe 400 euros por mês, durante um ano, o que lhe garante o pagamento das despesas mensais como o alojamento, onde gasta 200 euros. Para o pagamento das propinas recebeu logo no início dois mil euros.

Conseguir financiamento é que não foi fácil. "O Estado é fiador para os estudante em Portugal, mas para aqueles que estão fora já não é. Tiveram que ser os meus pais, mas se eles não têm dinheiro para me sustentar, como podem ser meus fiadores?", questiona Carolina. A estudante frisa que "foi muito difícil conseguir o empréstimo". No entanto, quem pediu há mais tempo "teve condições muito facilitadoras, mesmo em Espanha era fácil para os portugueses conseguirem crédito", explica.

Segundo as estudantes, são vários os portugueses que para pagar o curso de Medicina recorrem a empréstimos ou a trabalhos em part-time.