24.9.09

Plano de recuperação prevê manutenção de mil empregos

Ana Trocado Marques, in Jornal de Notícias

A manutenção de mil postos de trabalho, através de uma parceria com a japonesa Elpida, para a produção de memórias gráficas, a arrancar no último trimestre deste ano. É este, em traços gerais, o plano de viabilização da Qimonda Portugal, que Estado, BES e BCP se propõe aprovar na próxima terça-feira.

"É um sinal muito positivo, mas prudência, cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém", afirma Bruno Maia, da Comissão de Trabalhadores da Qimonda, lembrando os muitos "baldes de água fria" que, nos últimos meses, já caíram sobre os agora cerca de mil trabalhadores da unidade de Vila do Conde.

Recorde-se que na sequência do processo de insolvência da casa-mãe - a Qimonda AG -, a Elpida comprou à multinacional alemã as licenças tecnológicas para produzir memórias gráficas (GDDR).

Agora, o plano de viabilização da Qimonda Portugal está assente num acordo com a empresa japonesa, que envolve ainda a Winbond Electronics, e a ideia é que a empresa vila-condense produza as GDDR, já a partir do último trimestre do ano. Até Dezembro de 2010, serão reintegrados cerca de mil trabalhadores, que transitarão gradualmente da actual situação de "lay-off".

O plano, disse o administrador da insolvência, Armando Rocha Gonçalves, "não tem alterações de fundo" face ao apresentado na assembleia de credores de Junho, na altura adiada por 90 dias. Agora, Estado (através da AICEP), BES e BCP - os principais credores - já anunciaram que votarão a favor.

Satisfeitos com os sinais positivos dados pelo consenso em torno do plano, pelo interesse da Cabelte em ocupar parte do espaço para produção de fibra óptica e pelos avanços no projecto Itarion Solar (ver caixa), os trabalhadores mantêm, no entanto, a prudência: "Não sabemos exactamente quantas pessoas irão ficar (dependerá das encomendas), quantos irão continuar em lay-off - que terá que ser renegociado em Novembro - e por quanto tempo e há aqui situações sociais dramáticas", frisou Bruno Maia, lembrando que em lay-off os salários são "muito mais baixos".