Cristina Mota Saraiva, in Jornal Reconquista
O projeto-piloto de Mediadores Municipais, lançado há um ano pelo Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural, através do Gabinete de Apoio às Comunidades Ciganas teve “um balanço muito positivo e cumpriu o objetivo de construir pontes”, como refere Rosário Farmhouse.
A alta comissária falava durante a abertura das comemorações do Dia Internacional do Cigano, que decorrem hoje em Idanha-a-Nova, reunindo diversos especialistas e a comunidade cigana que está a participar nos diversos workshops sobre Educação, Habitação e Emprego.
“Este era um problema que as autarquias não sabiam como lidar com ele, nem sequer queriam e procuravam empurrá-lo para o concelho vizinho”, frisou Rosário Farmhouse, para explicar que depois deste projeto tudo está diferente.
Inicialmente destinado a dez autarquias o seu número depressa subiu para as quinze, que estão a implementá-lo até 30 de Setembro de 2010, embora a ideia seja a da continuidade.
“O projeto conta com 13.381 destinatários, número superior ao esperado inicialmente e os mediadores, todos de etnia cigana, têm vindo a conseguir respostas às perguntas que ninguém ousava fazer”, esclarece Rosário Farmhouse.
“Em todos este trabalho está subjacente o combate à discriminação”, conclui.
O concelho de Idanha-a-Nova foi um dos selecionados para integrar um Mediador Municipal e os resultados já estão no terreno. A grande motivação, para João Jóia, responsável pelo acompanhamento do projeto, foi a de se abrirem portas para conhecer melhor esta comunidade, dentro do concelho raiano.
Acompanhado pelo mediador Ricardo Serra Fernandes, apresentou os resultados do estudo elaborado e que faz uma caracterização geral da comunidade cigana.
Numa população de 10.147 residentes, existem 326 ciganos (3,21%), sendo 52 % do sexo masculino.
A população é jovem, com uma média de idade das famílias de 24 anos, com o elemento mais velho a contar 84. A maior população cigana situa-se na freguesia da Zebreira (66,25 %).
A maioria dos ciganos reside ali há mais de 15 anos e 95 % passa todo o ano no concelho. 72 % da população está sempre na mesma freguesia, sendo a restante nómada.
Os grandes problemas que se colocam são a nível educacional e de desvalorização da escola, o que se repercute na falta de emprego, com quase 60 % de desempregados.


