22.9.07

Cáritas Europa reúne-se na Costa da Caparica e avalia positivamente políticas de imigração em Portugal

António Marujo, in Jornal Público

Fórum europeu reúne-se em Portugal e homenageou na praia da Caparica os imigrantes que morreram à procura de terras de novas oportunidades


A Cáritas Europa, federação das organizações nacionais da acção social católica, faz uma avaliação positiva das políticas de imigração portuguesas e, nomeadamente, da rede desenvolvida em volta do Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI).

Rita Valadas, da Cáritas Portuguesa, sintetiza desta forma ao PÚBLICO algumas das ideias dos trabalhos do V Fórum de Migrações, que decorre desde quinta-feira na Costa da Caparica (Almada), onde hoje termina. "Há o sentimento de que Portugal tem uma posição sobre as questões de imigração que é exemplo mesmo para os países" em que o fenómeno existe há mais tempo, diz. No topo das considerações positivas, afirma Rita Valadas, está a organização do ACIDI e da rede criada à sua volta. Também a produção legislativa e a política de imigração do país recebem elogios dos responsáveis da Cáritas Europa.

Ontem, o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, esteve no fórum para dizer que a União Europeia deveria investir mais na integração, ao invés do que hoje acontece, com os Estados-membros a darem prioridade ao combate à imigração ilegal. Esforços conjugados para a resolução dos problemas existentes são necessários também, afirmou o ministro. O responsável do ACIDI, Rui Marques, acrescentou que os imigrantes deixam os seus países numa atitude de esperança e que muitas vezes têm um elevado potencial humano.

António Vitorino, ex-comissário europeu, levantou alguma polémica no fórum, ao defender que a imigração não é um "direito", mas uma oportunidade. Um dos participantes, o padre Rui Silva Pedro, ex-director da Obra Católica das Migrações, recordou que a situação humanitária de muitos imigrantes exige a intervenção das organizações no terreno.

Sob o lema Construindo Pontes ou Barreiras? - Explorando as dinâmicas entre migrações e desenvolvimento, o fórum termina hoje, com as conclusões sintetizadas pelo bispo de Brooklyn (Reino Unido), Nicholas di Marzio, e pelo secretário-geral da Cáritas Europa, Marius Wanders. Em causa estão também questões como os direitos das pessoas forçadas a imigrar, as políticas económicas dos Estados de acolhimento, os impactes dos conflitos e o papel das mulheres.

Quinta-feira, os cerca de 100 participantes foram à praia para uma cerimónia evocativa dos imigrantes que morreram na esperança de novas oportunidades. Morrer de Esperança era o título da cerimónia, que contou com a participação de líderes de diferentes religiões em Portugal. com Ailton Santos