22.9.07

Mortalidade infantil pode ficar longe da meta para 2015

Andréia Azevedo Soares, in Jornal Público

Será muito difícil atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio no que toca à mortalidade infantil, conclui um estudo publicado ontem na revista científica Lancet. Isto porque o trabalho realizado com crianças com menos de cinco anos nas regiões mais pobres do planeta, concluíram investigadores da Universidade de Washington, não pode ser considerado mais eficiente do que aquele que era realizado há 30 anos.

O grupo de cientistas de Seattle, nos Estados Unidos, criou um modelo informático capaz de calcular a taxa esperada de mortalidade infantil em 172 países dentro de oito anos. Para o efeito, foi necessário processar toda a informação disponível até ao momento, geralmente coligida em relatórios oficiais como os da Unicef, sobre óbitos de crianças com menos de cinco anos no mundo.

De acordo com as conclusões do grupo da Universidade de Washington, o declínio esperado entre 1990 e 2015 é da ordem de 27 por cento, quando a fasquia fixada no compromisso assumido, há sete anos, pelos principais líderes mundiais corresponde a uma redução de 67 por cento. Enquanto há regiões que revelam "um declínio consistente" das taxas anuais de mortalidade infantil - é o caso da América Latina, do Norte de África e do Sudeste asiático, por exemplo -, os resultados na África subsariana continuam preocupantes.

"O progresso global dos Objectivos do Milénio está a ser condicionado pelas baixas reduções na África subsaariana, região onde também se regista o declínio mais lento das taxas de fertilidade", refere o estudo liderado por Christopher Murray, director de um instituto para a avaliação de indicadores de saúde da Universidade de Washington.

Este mês, quando divulgou o seu relatório anual, a Unicef comemorou aquilo a que chamou "um marco inédito": pela primeira vez na história moderna, o número anual de crianças que morrem no mundo antes de completar cinco anos é inferior a dez milhões. Ann M. Veneman, directora executiva da Unicef, recordou na altura, contudo, que apesar de a taxa anual de 9,7 milhões ser um sinónimo de "progressos sólidos" ainda havia muito trabalho a fazer.

Para alcançar os objectivos estipulados por ocasião dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, é necessário reduzir até 2015 em dois terços a taxa de mortalidade infantil registada em 1990, da ordem dos 13 milhões de óbitos anuais de crianças com menos de cinco anos.

Cientistas norte-americanos concluíram que o declínio na taxa de mortalidade das crianças será de apenas 27 por cento