in Jornal Público
Com os combustíveis bastante mais baratos do que há um ano atrás e com a contracção da actividade económica a impedir que as empresas subam os preços, a taxa de inflação portuguesa aproximou-se, como nunca se tinha visto nas últimas décadas, de valores negativos.
De acordo com os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, a inflação em termos homólogos caiu de 0,8 para 0,2 por cento. Bate-se assim um novo mínimo entre os dados disponibilizados pelo INE desde 1977. Entre Dezembro de 2008 e Janeiro de 2009, os preços caíram 0,7 por cento.
O maior contributo para esta quebra tão acentuada e inédita da taxa de inflação homóloga em Portugal vem do preço dos combustíveis. Em Janeiro, os preços dos produtos energéticos ficaram 10,8 por cento abaixo do registado 12 meses antes. A descida de preços fez-se sentir especialmente nos últimos três meses do ano passado, mas agora continua a verificar-se uma variação em termos homólogos muito elevada. Os preços deste tipo de bens atingiram o seu valor máximo em Junho do ano passado.
O vestuário e calçado também ajudaram. A época de saldos parece ter sido mais agressiva do que o habitual (um fenómeno normal em períodos de crise). Os preços caíram 15,8 por cento face a Dezembro e foram 1,4 por cento inferiores aos de Janeiro do ano passado.
Com a economia perto de uma inflação negativa, o fantasma da deflação ressurge. Mas a maior parte dos analistas antecipa uma nova subida dos preços a partir de meados deste ano, quando o efeito da descida dos preços dos combustíveis desaparecer.


