11.2.10

Metade das empresas recorre à flexibilidade

in Diário de Notícias

Metade das empresas portuguesas organiza o trabalho recorrendo a algum tipo de flexibilidade nos horários dos trabalhadores. Contudo, só 20% permitem o uso das horas acumuladas em dias inteiros de folga e 13% não permitem, de todo, o gozo de dias completos. Já o recurso ao part- -time, habitual em 67% das empresas europeias, é uma medida ainda pouco popular entre os empresários portugueses. Na verdade, pouco mais de 20% das empresas nacionais recorrem a esta forma de trabalho.

Estas são apenas algumas das conclusões do Inquérito às Empresas Europeias 2009 - Práticas de Flexibilidade e Diálogo Social que a Eurofound, a Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e do Trabalho, promoveu nos 27 Estados membros da UE, bem como na Croácia, Turquia e na Repúbli-ca da Macedónia. O trabalho aponta para um crescimento do recurso à flexibilidade de ho- rário, medida que é usada por 56% das empresas na UE com dez ou mais trabalhadores.

O estudo refere ainda que Portugal, a par da Bulgária e dos três candidatos à integração da UE, apresenta as menores taxas de trabalhadores em part-time, contra os países do Norte da Europa, como a Bélgica, a Alemanha ou a Suécia, onde 80% das empresas recorrem a este tipo de serviço.

No que se prende com as formas de compensação das horas extraordinárias, o inquérito da Eurofound refere que, em Portugal, 49% das empresas compensam monetariamente os trabalhadores por esse tempo, 33% optam por solução mista, de pagamento e compensação com horas de descanso, 16% dão tempo de descanso extra e 1% não compensa de todo.

O inquérito debruça-se, ainda, sobre o diálogo social nas empresas e conclui que dois em cada três trabalhadores estão cobertos por algum tipo de acordo colectivo, seja de empresa ou sectorial. Mais de 60% dos trabalhadores europeus estão cobertos por alguma instituição representativa, sendo que 86% destas entidades estão ligadas a sindicatos.

Outra forma de flexibilidade é a salarial, com cerca de um terço das empresas europeias a oferecer benefícios acrescidos em função das metas previamente estabelecidas. Assim, nas empresas em que os prémios de objectivos existem, refere o estudo que, em média, cerca de metade dos funcionários, são recompensados. O pagamento por objectivos é prática comum no sector financeiro, com metade das empresas a praticá-lo. A repartição de lucros é menos comum na Europa, com apenas 14% das empresas a praticá-la.