Por Catarina Gomes, in Jornal Público
Já esteve pior mas Portugal continua a ser um dos países europeus com mais notificações de VIH/sida, referem os últimos dados do Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (de 2007): na Europa a 15 está em quarto lugar a seguir ao Reino Unido, Bélgica e Luxemburgo, diz o coordenador nacional para a Infecção VIH/sida, Henrique Barros.
Mas o responsável defende que "os números reais de casos novos de infecção devem ser muito mais baixos", uma vez que está a ser feito um esforço de notificação e de reforço da realização de testes (39 por cento dos portugueses dizem já ter feito um alguma vez na vida). Explica também que as notificações não se tratam necessariamente de novas infecções, uma vez que dos 2489 casos notificados no ano passado só 1107 é que foram diagnosticados nesse mesmo ano. "Se daqui a dois anos tivermos os mesmos números é que ficarei preocupado."
Em Portugal existirão cerca de quatro mil pessoas que estão infectadas e não sabem, uma vez que se pode permanecer até cerca de sete anos sem sintomas, refere. Mas tal como tem acontecido noutros países, a melhoria das terapêuticas e o seu acesso generalizado - cerca de 19 mil pessoas estão a ser tratadas contra o VIH/sida - diminuíram grandemente a mortalidade - foi o número mais baixo da década mas em 2008 ainda morreram 708 pessoas infectadas.
Luís Mendão, presidente da direcção do Grupo Português de Activistas sobre o Tratamento de VIH/sida, afirma que Portugal tem progredido no acesso ao tratamento mas ainda é difícil a grupos como os utilizadores de droga e os indocumentados. Onde considera que é preciso fazer mais trabalho é no diagnóstico. De acordo com estimativas da própria coordenação nacional cerca de 60 por cento das pessoas começam o tratamento tardiamente, o que significa "que terão menos sobrevida e qualidade de vida. Falta reduzir o tempo para o diagnóstico".