24.7.17

Marques Mendes “anuncia” queda do desemprego em maio para 9,4%

João Palma-Ferreira, in Expresso

No habitual comentário de domingo na SIC, Luís Marques Mendes explicou o que tem corrido bem ao Governo de António Costa – o desemprego baixou e o crescimento económico melhorou – e o que correu menos bem: na política, as relações entre a geringonça pioraram.

"A taxa de desemprego vai baixar, dos 9,5% para 9,4% em maio, que o INE vai anunciar em breve, as exportações de janeiro a maio crescem 13,4% e o crescimento económico será o melhor desde o início do século, tal como o primeiro ministro já tinha dito". Estes são os trunfos do Governo que Luís Marques Mendes apresentou no seu comentário de domingo, na SIC, como sendo o que tem corrido bem ao primeiro ministro António Costa.

Sobre o que tem corrido menos bem ao Governo, o comentador apontou os problemas do lado político, "com as relações entre a geringonça a piorarem", embora isso não signifique que possa haver uma crise, que - considera - "não vai haver".

A série de problemas ocorridos em três semanas - o incêndio de Pedrogão Grande, o furto do material militar do paiol de Tancos e as demissões de três secretários de Estado - "afetaram o Governo", diz.

Marques Mendes considera que não devia ter sido invocado o segredo de justiça em relação à informação sobre o que aconteceu na tragédia de Pedrógão e sobre as vítimas, sobretudo porque - diz -, "o número de mortos é um dado factual".

Esse segredo de justiça cria problemas de ordem prática, como por exemplo, as seguradoras quererem pagar os prejuízos com carros ardidos e não poderem fazê-lo, depois de terem constituído um fundo com 2,5 milhões de euros que não estão a utilizar, sem conseguirem pagar indemnizações por danos. Também "os apoios sociais não conseguem chegar às pessoas que precisam deles", observou.

Face a esta sequência de problemas e "más decisões" do executivo, na perspetiva de Marques Mendes, o Governo "não reagiu com humildade, mas com tiques de arrogância". A "lei da rolha" que impediu os comandantes distritais de falarem é um exemplo de outra "má decisão", observa.
"Governo terá dificuldade em negociar o Orçamento de Estado para 2018"

Agora o Governo "terá cada vez maior dificuldade em negociar com os partidos da geringonça as próximas leis no Parlamento", tal como "terá mais dificuldades em negociar o Orçamento de Estado para 2018", considera.

"Com eleições autárquicas à porta" os partidos que suportam a geringonça vão "criar mais dificuldades nas negociações dentro do Parlamento, aproveitando oportunidades políticas, prevê Marques Mendes. "Eles aproveitam-se disso", diz.

Marques Mendes considera que as dificuldades que António Costa vai enfrentar no Parlamento não permitirão manter o estilo de governação que tem existido ao longo dos últimos dois anos, mantendo a "parlamentarização" do poder ou um "Governo da Assembleia". O comentador da SIC diz que nos últimos dois anos houve um aumento do número de recomendações da Assembleia da República (foram aprovadas 688 recomendações nos dois anos do executivo de António Costa, contra 300 no Governo de Passos Coelho e 102 no tempo de José Socrates), e houve 191 projetos de lei aprovados nos dois últimos anos com primazia das iniciativas do Bloco de Esquerda (contra 151 com Passos Coelho e 86 com José Socrates).

Segundo Marques Mendes, o Governo de António Costa é o que menos legislou em dois anos de executivo, porque as leis aprovadas pelo Governo foram apenas 58, o que em iguais períodos de tempo se compara com as 148 propostas de lei aprovadas pelo Governo de Pedro Passos Coelho e as 143 propostas de lei aprovadas pelo Governo de José Socrates.