24.7.17

Subsídios de desemprego ao nível mais baixo em 15 anos

João d'Epiney, in DN

Número desceu a fasquia dos 200 mil em junho. O último mês em que ficou abaixo deste valor foi em outubro de 2002.

O número de desempregados a receber subsídio baixou a fasquia dos 200 mil no final do primeiro semestre deste ano, o que já não acontecia desde 2002.

De acordo com as estatísticas divulgadas pelo Instituto da Segurança Social (ISS), em junho estavam a receber subsídio 191 307 desempregados, o que representa uma diminuição de 13,3% (29 566) em relação a igual período do ano passado. Se compararmos com o final de 2016, os dados indicam que o decréscimo é ainda maior: 33 182 (14,7%).

É preciso recuar até outubro de 2002 para encontrar a última vez em que o número de subsídios de desemprego ficou abaixo dos 200 mil, mês em que foram atribuídos 192 535.

A redução do número de beneficiários desta prestação social paga pela Segurança Social reflete a descida do desemprego. Segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, referentes ao mês de maio, havia 484,8 mil pessoas sem trabalho, o que representa uma quebra de 15,4% (-88 mil) em termos homólogos.

A análise do DN/DV permitiu concluir ainda que o número de subsídios diminuiu em todos os centros do país, com exceção da região dos Açores, que registou um acréscimo de 546 relativamente a junho de 2016. O Porto foi o distrito em que mais baixou (-6.488) ao passar de 47 518 para 41 030. A seguir surge Lisboa, com menos 5135, para 41 008, e Braga com menos 2587, para 14 805.

O valor médio do subsídio era de 262,08 euros no final de junho, o que traduz um aumento de três euros face a junho de 2016. Se compararmos com o final do ano passado, o valor subiu ainda mais: 35 euros. Para encontrar um valor médio tão elevado é preciso recuar até dezembro de 2014, mês em que foi de 262,61 euros.

Subsídio de doença a subir

As estatísticas publicadas pelo ISS indicam ainda que a Segurança Social pagou 130 770 subsídios de doença em junho, o que representa um acréscimo de 19 134 (17,1%) em relação ao mês homólogo do ano passado. Em relação ao final do ano, o acréscimo é ainda mais significativo: mais 53 865. Os maiores aumentos ocorreram no Porto (+3891, para 26 215) e em Lisboa (+3004, para 23 930).

Um aumento surpreendente tendo em conta que o ministério queria reduzir a despesa com esta prestação e reforçou até as ações de fiscalização para combater a fraude. No início do ano, ficou a saber--se que em 2016 foram detetados mais de 56 mil pessoas com baixa médica que afinal estavam aptas para trabalhar.

Abonos: mais apesar da descida

Os dados do ISS revelam ainda que em junho foram atribuídos 1 116 165 abonos de família, o que representa uma diminuição de 16 809 (1,4%) face ao final do primeiro semestre de 2016. Apesar do decréscimo homólogo, o número de prestações familiares subiu 0,2% (2455) desde o final do ano passado. Um aumento explicado pela reintrodução, pelo atual governo, do 4.º escalão de rendimentos, eliminado em 2010 para as crianças até aos 3 anos de idade.