14.7.17

Anos da crise reduziram o sentido de cidadania no país

Rui Jorge Cabral, in Açoriano Oriental

Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino (ao centro) visitou a Santa Casa de Ponta Delgada Anos da crise reduziram o sentido de cidadania no país. Afirmou a secretária de Estado, Catarina Marcelino, que está a percorrer o país em ações de promoção da cidadania e igualdade Os anos da crise limitaram o sentido de cidadania em Portugal e é hoje preciso trabalhar para que as pessoas voltem a pensar criticamente sobre as coisas e, sobretudo, educar os mais novos nos bons princípios da cidadania e da igualdade de género.

"Durante a crise, as pessoas concentraram-se muito nas suas necessidades básicas, o que é natural e as questões de cidadania ficaram um pouco afastadas", afirmou a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, Catarina Marcelino, para quem o "país tem de ter igualdade de oportunidades, de Vinhais (Trás-os-Montes) à ilha do Corvo" pelo que a promoção da cidadania é necessária e transversal ao território continental, aos Açores e à Madeira.

Catarina Marcelino esteve ontem em Ponta Delgada e estará nos Açores até amanhã- com passagens pelo Pico e Terceira - no final do roteiro Cidadania em Portugal, que está a ser implementado no terreno pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local -Animar e que percorreu o país de norte a sul desde outubro do ano passado, terminando agora o seu percurso nas Regiões Autónomas dos Açores e Madeira.
"O nosso objetivo é ode levar a cidadania às pessoas e pôr o país a pensar criticamente sobre as coisas", referiu a secretária de Estado, à saída de uma visita ao projeto Renascer, desenvolvido em consórcio com várias instituições pela Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada. Durante esta visita, a secretária de Estado participou e interveio numa atividade sobre igualdade de género, que envolveu cerca de 20 crianças e jovens. Nessa atividade, começouse por abordar os estereótipos associados ao homem e à mulher para, a partir deles, as crianças e jovens serem desafiadas a deixar os preconceitos para trás e pen"O nosso objetivo é o de levar a cidadania às pessoas e pôr o país a pensar criticamente sobre as coisas" sarem numa sociedade de igualdade de género, onde os papéis do homem e da mulher se confundem num só papel que cada pessoa, enquanto cidadão ou cidadã, deve desempenhar.

"Este terna do que é ser homem e ser mulher vai condicionar fortemente o futuro destas crianças", lembrou Catarina Marcelino à saída da Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada, lembrando que um rapaz que não desenvolva o seu lado afetivo não poderá ser um bom pai no futuro ou urna rapariga que ache que um trabalho mais físico não é para si vai ficar mais tarde condicionada nas suas opções profissionais.
Mas as visitas no âmbito do roteiro Cidadania em Portugal não se ficaram por aqui, tendo passado durante o dia de ontem também pelo projeto Manaias, pelo Centro Intergeracional de São Sebastião, pelo Instituto de Apoio à Criança e ainda pela Associação dos Imigrantes nos Açores. A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade esteve também ontem presente na sessão de abertura do Encontro Regional sobre `A Valorização e Promoção da Igualdade de Género no Mercado de Trabalho, promovido pela ACEESA.

Após acompanhar a secretária de Estado durante a sua visita a uma iniciativa desenvolvida com jovens do projeto Renascer, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada, José Francisco Silva, afirmou que este projeto - integrado no programa nacional Escolhas -já é desenvolvido há nove anos em Ponta Delgada, em módulos sucessivos de três anos.

"É um trabalho muito grande com crianças e jovens que vão dos seis aos 30 anos, mas com o foco nos jovens até aos 18 anos e também ao nível das famílias, porque o que fazemos com os jovens também transmitimos às famílias", afirmou o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ponta Delgada.

Ao longo deste ano, foram envolvidas no projeto Renascer 341 pessoas, das quais 287 foram crianças. O trabalho feito com este público - oriundo sobretudo das freguesias urbanas de Ponta Delgada - é um trabalho de promoção da cidadania e da educação.