Rosa Soares, in Público online
Prazos a três e a seis meses também registaram uma forte subida, agravando os custos dos empréstimos de particulares e de empresas.
A decisão de subida mais expressiva dos juros por parte do Banco Central Europeu (BCE), em 0,75 pontos percentuais, e a declaração de que está disposto a fazer mais dois a quatro aumentos nos próximos meses, provocou na sessão desta sexta-feira uma forte aceleração das taxas Euribor, que são utilizadas no crédito à habitação e às empresas. A Euribor superou a barreira dos 2%, após uma subida de 0,112 pontos, para 2,015%, atingindo num novo máximo desde Dezembro de 2011.
A taxa a seis meses também subiu de forma expressiva. Este prazo, o mais utilizado no conjunto dos empréstimos das famílias existentes em Portugal, atingiu quase 1,5%, ao subir mais 0,088 pontos, para 1,442%. Uma subida vertiginosa em pouco mais de três meses, desde 6 de Junho, quando passou de valor negativo para positivo.
Por último, a Euribor a três meses, está a subir há 18 sessões consecutivas, encostando praticamente a 1%. A subida desta sexta-feira foi de 0,098 pontos, para 0,934%.
A decisão do BCE de aumentar as taxas directoras em 0,75 pontos percentuais, acima do inicialmente previsto, que ficava em 0,5 pontos, já tinha sido, em grande parte, antecipada pelo mercado, mas a dimensão da subida, ontem anunciada, e a disposição de fazer novos aumentos para travar a inflação explicam a nova aceleração das taxas.
Para além da subida do custo do dinheiro, há ainda a perspectiva de uma recessão das economias europeias, por causa da crise energética e subida da inflação. Este contexto leva o conjunto de bancos que integram a pool onde são determinadas as taxas Euribor (através dos empréstimos que estão dispostos a realizar entre si) a serem mais cautelosos, cobrando mais juros.
A subida das taxas Euribor afecta os novos empréstimos às famílias e às empresas, mas também todos os já existentes com estas taxas, que são revistos periodicamente.
Depois de quase sete anos em valor negativo, a Euribor a seis meses entrou em terreno positivo a 6 de junho, e a Euribor a três está positiva desde 14 de Julho. A primeira a sair de valor negativo foi o prazo a 12 meses, a 12 de Abril, altura que que o BCE já tinha dada sinais de subida das suas taxas, tendo em conta a subida da inflação, que a guerra na Ucrânia, na sequência da invasão russa, agravou.