27.3.23

BCE anuncia nova subida da taxa de juro

in SIC

Alguns analistas chegaram a admitir que o BCE travasse esta subida da taxa de juro de referência, devido à falência do Silicon Valley Bank e à turbulência no Credit Suisse, mas a decisão da instituição foi outra.

O Banco Central Europeu (BCE) acaba de anunciar uma subida da taxa de juro de referência em 50 pontos base, passando assim dos atuais 3% para 3,5%.

“O Conselho do BCE decidiu aumentar as três taxas de juro diretoras do BCE em 50 pontos base”, lê-se no comunicado divulgado esta quinta-feira. Assim sendo, “a taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez e à facilidade permanente de depósito serão aumentadas para, respetivamente, 3,50%, 3,75% e 3,00%, com efeitos a partir de 22 de março de 2023”.

Esta era de resto uma decisão esperada, apesar de no início da semana alguns observadores terem admitido que devido à turbulência bancária, com a falência nos Estados Unidos do Silicon Valley Bank (SVB) e as suas repercussões, bem como devido à situação de incerteza criada pela crise no Credit Suisse, pudessem levar o BCE a travar esta nova subida. O que não aconteceu.

“Projeta‑se que a inflação permaneça demasiado elevada durante demasiado tempo. Por conseguinte, o Conselho do BCE decidiu hoje aumentar as três taxas de juro diretoras do BCE em 50 pontos base, em conformidade com a sua determinação em assegurar um retorno atempado da inflação ao objetivo de 2% a médio prazo”, justifica a instituição liderada por Chrtistine Lagarde.

A taxa de inflação na zona euro recuou em fevereiro pelo quarto mês consecutivo e passou para 8,5%, quando tinha ficado em 8,6% em janeiro, segundo o Eurostat, mas a inflação subjacente, que exclui os preços da energia e dos alimentos e é considerada mais representativa das tendências a longo prazo, atingiu um nível recorde de 5,6% em fevereiro.

Sobre a inflação, os especialistas do BCE consideram agora que “se situe, em média, em 5,3% em 2023, 2,9% em 2024 e 2,1% em 2025”. No que diz respeito a fevereiro, e “excluindo preços dos produtos energéticos e dos produtos alimentares”, a inflação continuou a subir" e a previsão é “seja, em média, de 4,6% em 2023, valor que é mais elevado do que o avançado nas projeções de dezembro”.

Qual o estado da banca?

Nos últimos dias, o setor bancário tem atravessado um período de turbulência, primeiro com o colapso do SVB, e depois com a forte queda em bolsa na quarta-feira do Credit Suisse. Já hoje, o banco suíço anunciou que irá receber um empréstimo até 50 mil milhões de francos suíços (50,7 mil milhões de euros) do banco central da Suíça.

Sobre esta turbulência na banca, o Conselho do BCE refere que ”está a acompanhar de perto as atuais tensões no mercado e está preparado para responder conforme necessário, no sentido de preservar a estabilidade de preços e a estabilidade financeira na área do euro".

"O setor bancário da zona euro é resiliente, apresentando posições de capital e liquidez fortes. Em todo o caso, o conjunto de instrumentos de política monetária do BCE permite inteiramente proporcionar, se necessário, apoio em termos de liquidez ao sistema financeiro da área do euro e preservar a transmissão regular da política monetária", concluiu o BCE.

[Notícia atualizada às 14:47]