28.3.23

Mesmo sem IVA alguns alimentos básicos vão continuar a custar mais 60% do que há um ano

Raquel Albuquerque e Joana Pereira Bastos, in Expresso

O preço de alguns produtos que constam da lista que será abrangida pela medida do Governo continuará a manter-se bem acima daquele que era registado antes do início da Guerra na Ucrânia. As cebolas são um dos exemplos, mas há mais

Ao longo do último ano, os preços de vários bens alimentares aumentaram continuamente, ao ponto de alguns custarem agora quase o dobro do que em fevereiro de 2022, antes do início da guerra na Ucrânia. Produtos como as cebolas, as cenouras e o arroz, que vão ser incluídos no cabaz alimentar de IVA zero, subiram mais de 70% num ano, segundo a DECO/Proteste. Mesmo que a eliminação do imposto reduza ligeiramente os preços e que o acordo do Governo com a produção e a distribuição trave a subida de preços, o cabaz básico continuará a ser bastante mais caro do que há um ano.

Na lista de produtos com IVA a 0% vão constar 44 alimentos como cebola, cenoura, tomate, batata, brócolos ou alface, feijão e grão, pão, leite, queijo, maçã, pêra ou melão, além de frango, carne de peru, de porco, de vaca, bacalhau, sardinha, pescada ou carapau, entre outros. Em pouco mais de um ano, o preço de um cabaz alimentar básico calculado pela DECO/Proteste subiu 22%, pelo que a eliminação dos 6% de IVA fica longe do impacto sentido na carteira dos portugueses nos últimos meses.

Por exemplo, o quilo de cebolas custava na semana passada €1,88, em média. São mais 83 cêntimos do que em fevereiro do ano passado, o que corresponde a um aumento de 79%. Sem o IVA, a poupança ronda os 11 cêntimos. Ou seja, o preço médio de um quilo de cebolas continuará 68% acima do que se registava há pouco mais de um ano, segundo os dados da DECO/Proteste.

Também as cenouras saltaram de €0,77 por quilo para €1,34 em pouco mais de um ano. É um aumento de 74%. Se ao preço médio atual subtrairmos o IVA, a poupança ronda os 8 cêntimos, o que ainda assim significa que os portugueses vão pagar mais 64% do que antes do início da guerra.

Já num pacote de arroz carolino, que subiu de €1,14 para €1,95, a eliminação do imposto significaria menos 12 cêntimos no preço do quilo. Mas, apesar da descida, o arroz continuaria a custar mais 61% do que antes. Quanto ao leite, um litro custava, em média, 68 cêntimos, e saltou para 97 cêntimos na semana passada, o que se traduz numa subida de 43%. Se a este preço médio retirarmos o valor do IVA, então o litro de leite passaria para cerca de 91 cêntimos, bastante acima dos €0,68 de há pouco mais de um ano.

Segundo a DECO/Proteste, desde fevereiro do ano passado, outros produtos como azeite, leite e tomate subiram mais de 40%, enquanto as batatas estão 35% mais caras.

Na semana passada, o cabaz básico de 63 produtos alimentares calculado pela DECO/Proteste custava €226,15, mais 22% do que em fevereiro de 2022. Ainda assim, registou-se uma descida no preço face à semana anterior. A queda deveu-se sobretudo à redução do preço de hortícolas como a couve (-19%) e a alface (-17%), e de peixes como o salmão e a pescada.