28.3.23

Governo cria centro de competências para o envelhecimento ativo

André Rito, in Expresso

Novo centro de competências vai estar ligado ao IEFP. Haverá também um plano de ação nacional para o envelhecimento ativo. Duas linhas estratégicas de Ana Mendes Godinho para lidar com a transição demográfica em Portugal

O Governo está a preparar a criação de um centro de competências focado no envelhecimento ativo. O anúncio foi feito durante a reunião do Conselho Consultivo do projeto Expresso Longevidade, que pretende debater as alterações demográficas e o seu impacto na vida dos portugueses.

Convidada para o encontro, Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS), disse que o Governo tem o envelhecimento ativo como uma causa prioritária. Por isso está a ser criado um centro de competências e um plano de ação que vai dotar de mais conhecimento os profissionais ligados à área da saúde e cuidadores informais, em articulação com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). Portugal, recorde-se, é o quarto mais envelhecido no mundo.

“Neste momento temos cerca de 400 projetos dedicados aos desafios colocados pelo envelhecimento a serem financiados pelo PRR. A pandemia acabou por ser o acelerador da mobilização de recursos financeiros. Nunca um quadro comunitário tinha tido uma rubrica dedicada ao envelhecimento e nós fizemos isso através da agenda do Portugal 2030”, afirmou Ana Mendes Godinho, acrescentando que estes projetos integram a requalificação de respostas existentes, alargamento das respostas típicas, e criação de novas respostas.

Tudo isto surge no âmbito do plano de ação para o envelhecimento ativo e na criação de um centro de competências, capacitação e conhecimento, em articulação com a economia social e com fundos previstos no PRR e na Agenda Portugal 2030.

Ao todo, o investimento é superior a 400 milhões de euros - para aumentar a capacidade instalada na resposta social aos idosos - e existem pelo menos 22 projetos aprovados de soluções inovadoras. “Dizem respeito à habitação colaborativa, que pretende juntar pessoas mais velhas e pessoas mais novas, com serviços partilhados”, afirmou a ministra, acrescentando outros investimentos em serviços domiciliários, centros de dia e estruturas residenciais para idosos. A finalidade é promover a autonomia, independência, intergeracionacionalidade, segurança e acompanhamento.

Nuno Marques, médico e presidente do Observatório Nacional do Envelhecimento, será o líder do plano de ação e do centro de capacitação. “O centro de capacitação pretende criar uma estrutura ligada ao IEFP para dotar de competências adequadas os profissionais de saúde ou cuidadores informais na área do envelhecimento ativo”, explicou, acrescentando que estes projetos estarão ligados à academia e aos centros de referência da Rede Repensa. Objetivo: encontrar formas inovadoras para capacitar quem cuida de idosos e promover a prevenção, de forma ampla e abrangente.

Questionado sobre se esta é a estratégia certa para lidar com o envelhecimento, Nuno Marques não tem dúvidas de que finalmente estão a ser dados os passos necessários para enfrentar a transição demográfica.

“Pela primeira vez temos falado sobre formas de o Governo envolver a sociedade civil em torno das diferentes entidades para uma resposta única e articulada. Vai ser possível pôr em marcha projetos que são essenciais no envelhecimento ativo. Acima de tudo temos de atuar na autonomia das pessoas , promovendo essa autonomia durante o máximo tempo possível”, referiu.