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21.12.15

antinas também matam a fome às famílias dos alunos

Paulo Lourenço com Hermana Cruz, in Jornal de Notícias

A abertura das cantinas escolares em tempo de férias já não se limita a servir os alunos de cada estabelecimento de ensino. Em alguns dos maiores municípios do país, este apoio - suportado integralmente pelas autarquias - é alargado a familiares diretos, nomeadamente irmãos mais velhos e pais.

Ainda assim, numa ronda efetuada pelas principais câmaras, o JN constatou que a procura de refeições durante as pausas letivas se tem mantido estável relativamente aos anos anteriores.

O fenómeno chegou com a crise e acentuou-se nos últimos anos, quando os responsáveis pelas escolas sob a alçada das autarquias se aperceberam de que havia cada vez mais casos de crianças com fome, devido às dificuldades económicas das famílias. A necessidade de evitar que estas ficassem sem comer durante as férias fez com que as câmaras começassem a manter os refeitórios escolares em funcionamento durante esses períodos.

11.12.15

Cabeceiras troca pinheiros por brinquedos e alimentos para crianças carenciadas

Rui de Lemos, in "Diário do Minho"

Cabeceiras troca pinheiros por brinquedos e alimentos para crianças carenciadas A Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto está a oferecer um pinheiro em troca de brinquedos, material didático e bens alimentares para crianças carenciadas. Trata-se de uma iniciativa solidária a que se juntam muitas outras nesta época natalícia.

Uma árvore de Natal por um presente para uma criança carenciada. Esta é a proposta lançada pelo Município de Cabeceiras de Basto, Banco Local de Voluntariado, Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, Régie Cooperativa Basto Vida e Gabinete Técnico-Florestal aos cabeceirenses. A campanha solidária começou no início do mês e aceita a oferta de brinquedos, livros, jogos didáticos, papas, fraldas, leite, entre outros géneros. «Queremos associar a oferta dos pinheiros de Natal a uma causa solidária, desafiando os cabeceirenses a oferecerem um brinquedo, material didático e bens alimentares para crianças mais desfavorecidas do concelho», suportou Isabel Coutinho, vereadora da cultura e desporto, ontem, na apresentação do vasto programa de iniPraça da República promete ser “lugar mágico” neste Natal Região Queremos mostrar, ao longo desta época festiva, o melhor de Cabeceiras de Basto e o nosso lado mais solidário. FRANCISCO ALVES Queremos associar a toda esta campanha uma mensagem de cidadania, tolerância e solidariedade humana. ISABEL COUTINHO DM ciativas que o Município elaborou para assinalar a época festiva. Os bens solicitados resultam de uma necessidade identificada no terreno pela Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) e outras IPSS do concelho. A iniciativa solidária “uma árvore de Natal por um presente” pretende contribuir para que as crianças mais carenciadas do concelho possam ter uma época natalícia mais feliz, mas também valorizando a proteção ambiental, evitando que os populares cortem pinheiros na floresta de forma desordenada. «Temos mais de 200 pinheiros para oferecer e a campanha dura, pelo menos, até se acabarem as árvores que temos para oferta, mas também temos muita gente que leva um pinheiro e deixa várias ofertas», contabilizou Isabel Coutinho. A ação começou no iníCAMPANHA DM cio deste mês e todos os brinquedos, bens alimentares e material angariado serão entregues às crianças desfavorecidas através da CPCJ e das instituições de solidariedade social do concelho. «Com esta iniciativa esperamos chegar a cerca de 300 a 400 crianças, contribuindo para que tenham um Natal mais feliz», apontou a autarca. De igual modo, o Lions Club também está a replicar a iniciativa, com o mesmo propósito.
Paralelamente, o Município de Cabeceiras de Basto vai entregar, entre 15 e 21 deste mês, cerca de 500 cabazes de Natal a outras tantas famílias carenciadas do concelho, assegurando que chegará à sua mesa um vasto conjunto de bens essenciais e típicos da gastronomia natalícia. «Esta é uma época especial, que nos toca a todos e nos sensibiliza. Por isso, promovemos esta e muitas outras iniciativas para efetivamente tornar Cabeceiras de Basto num lugar mágico ao longo destes dias», resumiu o presidente da Câmara, Francisco Alves. “Cabeceiras de Basto, um lugar mágico” é o slogan adotado pelo Município para um vasto conjunto de ações de solidariedade e animação de rua, que tiveram início no passado dia 1 deste mês e se prolongam até 23 de dezembro. Hoje, no âmbito do programa, a Praça da República vai receber a chegada do Pai Natal, a partir das 16h00, seguindo-se a inauguração da iluminação e árvore de Natal que decora o centro da vila. Ontem, um grupo de crianças dos jardins de infância decorou todas as árvores da praça com enfeites criativos, emprestando mais «colorido e calor humano» à época festiva. Naquele programa, merece, ainda destaque, a realização do Mercadinho de Natal, com produtos da terra e vendas solidárias, que decorrerá nos dias 19 e 20, na Praça da República, com muita animação e surpresas. Ainda no que respeita à animação, o Mosteiro de S. Miguel de Refojos vai ser palco, no dia 19, de um concerto de canto gregoriano e, no dia 20, de um concerto de Natal pela Banda Cabeceirense.

23.11.15

Pobreza é “quando a criança não se sente de ninguém”

Andreia Lobo, in Educare.pt

Mais de 280 mil crianças vestem o pijama por uma causa

No Dia Internacional dos Direitos da Criança, o EDUCARE.PT falou com duas organizações de defesa dos direitos das crianças. Mostramos uma investigação que traz um novo olhar sobre a vinculação. Percebemos ainda, com estes testemunhos, o que falta nas políticas públicas dirigidas à infância.

Mais de 280 mil crianças, com idades entre os 12 meses e os 10 anos, saem hoje de casa vestidas com o pijama. Um ato “que significa carinho, cumplicidade e vida em família”, explica Manuel Araújo, presidente da Mundos de Vida, uma associação sem fins lucrativos, que promove o Dia Nacional do Pijama.

Todos os anos, a associação faz chegar às creches, jardins de infância e escolas do 1.º ciclo, que se inscrevem na iniciativa, um conjunto de materiais sobre os Direitos das Crianças para serem trabalhados em sala de aula, com o educador ou professor. A preparação começa em outubro e culmina neste dia, 20 de novembro, altura em que se celebram os 25 anos da assinatura da Convenção sobre os Direitos da Criança.

Direito a crescer em família
O Dia Nacional do Pijama quer chamar a atenção para uma realidade dura e “que nada justifica” na sociedade portuguesa, sublinha Manuel Araújo: “Mais de 96% das crianças separadas dos seus pais estão anos a fio a viver em instituições. São 8172 crianças invisíveis que vivem longe do calor e do amor de uma família.”

“O sistema português criou uma cultura de institucionalização que não tem paralelo na Europa”, realça Manuel Araújo exemplificando que em Portugal apenas 4% das crianças separadas dos pais – por várias razões – vivem em famílias de acolhimento quando na Irlanda são mais de 90%.

Os pijamas servem não só para dar a conhecer esta situação como para “contribuir para uma mudança de mentalidades que ajude a desenvolver o acolhimento familiar de crianças”. Até à data a Mundos de Vida já colocou 118 crianças a viverem em famílias “num ambiente mais terno, seguro e positivo”, sublinha Manuel Araújo, apelando: “São precisas muitas mais!”

Por outro lado, salienta Manuel Araújo, importa não esquecer que “a pobreza continua a representar uma ameaça à infância”. Mas não apenas a falta de pão ou de casa. “O maior drama da pobreza acontece quando a criança sente que não é nada e quando não se sente de ninguém.”

Direito à felicidade
No mundo ocidental alguns dos direitos das crianças são quase dados como adquiridos. As sociedades foram assumindo muitas das funções que, no passado, estavam reservadas aos pais, como a educação. Ainda assim, “é na família que as crianças alfabetizam as suas emoções”, recorda o presidente da Mundos de Vida, acrescentando: “Neste domínio há muito a fazer para se cumprir a convenção internacional dos direitos da criança”. Que proclama que “uma criança tem direito a crescer numa família, num ambiente de felicidade, amor e compreensão”.

Numa altura em que Portugal e a Europa estão a postos para receber novos fluxos de refugiados, com um número significativo de crianças, o alto-comissário para as Migrações, Pedro Calado, reforça a ideia que “a qualidade de uma sociedade se mede também pela forma como defende as suas crianças.” E lança um apelo: “Há que salvaguardar os princípios fundamentais que nos regem, assegurando que todos podem ser crianças, independentemente da sua origem, cultura ou religião.”

Direito à brincadeira
Um estudo desenvolvido por investigadores portugueses trouxe novos conhecimentos sobre como as crianças estabelecem a confiança nos pais. Dito de outra forma, como criam com eles uma “vinculação segura”. “Há situações em que a criança fica alarmada e aprende que o pai e a mãe servem para proteger”, explica Marina Fuertes, investigadora da Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto e uma das autoras do estudo.

Até agora sabia-se que os cuidados prestados eram importantes para criar estes laços. A novidade trazida por este estudo é que “não só na aflição, mas também durante a atividade de brincar se consegue estabelecer na criança a expectativa de que pode confiar nos pais”. Entre os participantes do estudo “as mães que passavam mais tempo a brincar com os filhos tinham muita maior probabilidade de obter relações seguras com eles”.

Quando está provado que as mães passam mais tempo a cuidar da criança – seja a preparar as refeições ou a dar banho – e menos a brincar e os pais o inverso, o que é preciso fazer? Marina Fuertes e a equipa que observou 82 bebés e respetivos pais durante dois anos respondem: “É preciso libertar as mães para que elas possam ser mais parceiras de brincadeira!”

Apesar dos resultados, Marina Fuertes reconhece a dificuldade dos pais em terem mais tempo disponível para o que o estudo mostrou ser mais importante. Sobretudo tratando-se das mães. “Há o trabalho, as horas passadas no trânsito e depois as tarefas domésticas para fazer e, no final, é difícil dizer à mãe, agora brinque com o seu filho e divirta-se!” Por isso, o repto “libertem-se!” “Com ajuda dos pais ou de outros, as mães precisam de arranjar tempo e disponibilidade emocional, porque não se vai brincar só por brincar.”

Não se julgue que cuidar da criança é mais importante do que brincar com ela, alerta a investigadora: “São dois direitos importantes. Mas nas sociedades muito industrializadas, muitas vezes não se faz apenas uma sopa, quase se faz um algoritmo para fazer a sopa”, ironiza. Nos países mais pobres, como os asiáticos, africanos e latino-americanos, Marina Fuertes testemunhou que a brincadeira assume grande importância. “Talvez por não poderem dar certos cuidados que se dão nas sociedades mais ricas”, admite.

No oposto, refere a investigadora, “a sociedade industrializada e estandardizada esqueceu as coisas mais simples”: “Sofisticamos as tarefas até não podermos mais”. Exemplos? “Há pais a fazerem grandes investimentos para os filhos terem roupas de marca, elevando o direito ao cuidado ao extremo, com consequências muito graves.”

Políticas para a infância
A pergunta é obrigatória neste Dia Internacional dos Direitos da Criança. Que políticas devemos esperar para a infância? Menos focadas na dimensão económica, critica Manuel Araújo. “Não se podem limitar a uma análise centrada em indicadores financeiros, do tipo montante do abono de família, gasto do país por criança nas escolas ou investimento na construção escolar.” E acrescenta: “Avaliar as políticas para a infância, pelo lado dos custos é um exercício pobre, pois é admitir que bastaria aumentar os orçamentos para melhorar os resultados”.

O presidente da Mundos de Vida está convencido de que “gastar mais não significa necessariamente fazer melhor”. Sugere, por isso, alguns aspetos que, no seu entender, “deviam ser centrais das políticas para a infância”. A começar pelo tempo e o papel das famílias na educação dos seus filhos. O que significa mais opções e liberdade sobre a forma como gostariam de os educar. “Tudo o que é único é redutor, como o livro único, a escola única, o programa único.”

Na área da educação, Manuel Araújo pede ainda que seja dada “primazia” ao primeiro ciclo, “onde as crianças passam demasiado tempo”, acrescenta. E, por fim, que se abandone o betão e a borracha para dar lugar à natureza. “Fala-se tanto de ambiente nas escolas e nunca as crianças estiveram tão longe de experimentar a natureza em primeira mão.”

Quando as crianças voltarem para casa, hoje ao final do dia, a maioria das mães, por instinto, talvez queira pôr logo o pijama na máquina de lavar. Vale a pena travar o impulso. E, numa brincadeira, ajudar a criança a sujá-lo um pouco mais.

23.1.13

Crianças vendem senhas do almoço para darem dinheiro aos pais

in TVI

PCP promete levar o tema da pobreza infantil a debate no plenário da Assembleia da República

Vários representantes de organizações sociais defendem a necessidade de mais medidas de apoio às famílias além do combate ao desemprego e do aumento do salário mínimo para reduzir a pobreza infantil.

Numa audição realizada pelo grupo parlamentar do Partido Comunista Português (PCP), sob o tema «Crise, austeridade e aumento da pobreza infantil: realidades e saídas», vários representantes da sociedade civil, entre Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), câmaras municipais, juntas de freguesia, organizações não governamentais (ONG) e associações várias debruçaram-se sobre a problemática da pobreza infantil e tentaram apontar algumas soluções.

No encontro, o líder da bancada parlamentar do PCP, Bernardino Soares, garantiu que o partido vai tentar, ainda esta semana, levar o tema da pobreza infantil a debate no plenário da Assembleia da República.

Durante a audição, a Associação Portuguesa de Famílias Numerosas, Ana Gonçalves pediu mais medidas de apoio às famílias, lembrando que há falta de crianças no país e que isso compromete o desenvolvimento económico de Portugal.

Ana Gonçalves defendeu alterações às taxas moderadoras, criticando que as crianças só estejam isentas até aos 12 anos, e reclamou apoios na aquisição dos manuais escolares.

Já o representante da União Distrital das IPSS de Setúbal, Florindo Paliotes, alertou que muitas instituições estão a atingir o limite e que algumas poderão mesmo entrar em processo de insolvência, o que, a acontecer, afetará valências como o apoio aos idosos ou às crianças.

Célia Portela, da comissão executiva da União de Sindicatos de Lisboa, afeta à CGTP-In, defendeu que se caminha para o empobrecimento generalizado da população e que a pobreza infantil é uma consequência.

O presidente da Junta de Freguesia da Ramada, em Odivelas, Francisco Bartolomeu, disse ter por hábito visitar as escolas e deu conta de crianças que à segunda-feira «comem tudo o que lhes aparece à frente porque o fim de semana é negro», enquanto outras vendem as senhas para conseguirem dinheiro para os pais.

Já a representante do agrupamento vertical de escolas Miradouro de Alfazina, no Monte da Caparica, Maria do Carmo Borges, afirmou que a pobreza das crianças é reflexo da pobreza das famílias, enquanto o representante da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Moura, Gabriel Ramos, alertou para a falta de técnicos e para a falta de instituições de acolhimento.

O presidente da Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco, Armando Leandro, lembrou que nem todos os casos de crianças em risco chegam à comissão, mas garantiu que estão em alerta e empenhados na resolução do problema.

Fernanda Mateus, da comissão política do PCP, defendeu que a pobreza infantil é a face mais grave de um problema que tem de ser travado e denunciou aquilo a que chamou de uma tentativa de catalogar as famílias com dificuldades como negligentes, esquecendo que muitas têm dicotomias diárias, em que ou optam por trabalhar ou tratar das suas crianças.

Defendeu ainda que para inverter a situação, é preciso fazer caminho de combate ao desemprego, pelo direito ao trabalho e por melhores salários.

21.12.12

Escolas vão servir 28.730 almoços a crianças carenciadas

por Lusa, publicado por Graciosa Silva, in Diário de Notícias

Os refeitórios das escolas de 1.º ciclo e jardins-de-infância de Sintra vão servir 28.730 almoços gratuitos durante as férias de Natal, naquela que é, por vezes, a única refeição que algumas crianças comem durante o dia.

Até 2 de janeiro, às 12:00, à semelhança do que acontece em dezenas de estabelecimentos escolares de Sintra, abrem as portas do refeitório da Escola Básica n.º2 de Queluz, e três dezenas de crianças que se encontram de férias dirigem-se às mesas onde já estão servidos os pratos de sopa.

A seguir à sopa, vem o prato principal (acompanhado de legumes), a bebida e a sobremesa (sempre fruta) naquela que é a principal refeição que estes alunos com idades entre os cinco e os 10 anos comem ao longo do dia. Apesar da idade, muitos ainda não conseguem utilizar os talheres e todos olham com desconfiança quer para os legumes, quer para a sopa.

Desde há dez anos que a Câmara de Sintra abre as portas dos refeitórios das escolas cuja gestão é municipal, para que as crianças das famílias que passam por mais dificuldades financeiras possam comer gratuitamente uma refeição.

Ao todo, este ano vão ser servidos almoços a 4074 crianças, a maior parte inseridas em programas de Atividades de Tempos Livres (ATL), embora algumas se desloquem às escolas apenas para comer.

"Há cerca de 10 anos que, durante o período da interrupção das atividades letivas, as escolas se mantém abertas, exatamente por se sentir que há alunos que têm como principal e por vezes única refeição aquela que lhes é servida na escola", disse à agência Lusa António Canelas, presidente da EDUCA, empresa municipal que gere estas escolas.

Durante o período de aulas, as escolas de Sintra servem 14.500 refeições diárias, sendo que 5000 são gratuitamente fornecidas a crianças carenciadas. Por ano, o município gasta cerca de 5,5 milhões de euros no fornecimento de refeições escolares.
As escolas de 1.º ciclo e jardins-de-infância dão ainda cerca de 1500 pequenos-almoços por mês e cerca de 5000 lanches diários, mas segundo o presidente da Câmara de Sintra, Fernando Seara, os pais estão a pedir ao município que forneça também os jantares.

O autarca adiantou à Lusa que a câmara está a estudar esta possibilidade solicitada pelos pais num inquérito recente da EDUCA. Uma situação demonstrativa das dificuldades que algumas famílias estão a passar, por falta de emprego ou porque foram obrigadas a encontrar segundos empregos.

A deteção dos casos de maiores necessidades é feita quer pelos professores, quer pelos funcionários dos refeitórios, que encontram alunos que revelam grandes carências alimentares, em que "saltam" a primeira refeição do dia e vão para casa onde raramente comem uma refeição confecionada.

Segundo António Canelas, estes são os rostos da crise, e apesar de haver pais com dívidas acumuladas às escolas devido aos sucessivos atrasos nos pagamentos das refeições, "nenhuma criança fica sem comer" nos refeitórios do concelho de Sintra.
A dietista da EDUCA, que seleciona as ementas dos refeitórios, Raquel Ferreira, disse que a preparação dos almoços tem em conta as carências e necessidades das crianças.
"Temos que ter em atenção que para muitas crianças pode ser a única refeição equilibrada do dia e daí o nosso objetivo de tornar a refeição do almoço a mais saudável e equilibrada possível", disse.

24.11.12

Quase metade das crianças da pré-primária e 1.º ciclo são carenciadas

in Público on-line

Quase metade das crianças do ensino público pré-primário e do 1.º ciclo da Área Metropolitana de Lisboa (AML) são carenciadas, disse hoje à Lusa o coordenador dos vereadores da Educação da Junta Metropolitana de Lisboa.

“Quarenta por cento dos alunos do pré-primário e do 1.º ciclo são de famílias que atravessam grandes dificuldades”, disse Marco Almeida à Agência Lusa, acrescentando que esta é uma situação que “muito preocupa” a Junta Metropolitana.

Esse número resulta de um levantamento feito em todas as escolas públicas dos 18 municípios da AML: Alcochete, Almada, Amadora, Barreiro, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Sesimbra, Setúbal, Seixal, Sintra e Vila Franca de Xira.

Segundo o vereador, esses 40 por cento correspondem aos alunos que beneficiam do escalão A ou B da acção social escolar e “traduzem a situação que as famílias vivem actualmente”.

“A tendência nos últimos anos é para o aumento do número de alunos com escalão, seja A ou B”, frisou.

Consciente das dificuldades desses alunos, a junta metropolitana pediu ao Ministério da Educação um alargamento do apoio financeiro aos municípios para que possam continuar a fornecer refeições nas férias do Natal, Carnaval e Páscoa.

A junta metropolitana pediu ainda ao Governo a manutenção da taxa de IVA em vigor no ano passado para as refeições escolares e uma revisão do abono de família.

“No actual contexto socioeconómico marcado por profundas dificuldades é fundamental que a Segurança Social proceda à revisão do escalão do abono tendo em conta a situação actual dos alunos”, defendeu a junta metropolitana.

Isso vai permitir “salvaguardar os casos que apresentam situações de carências de natureza alimentar e que por razões de natureza diversa não estão previstos nas situações excepcionais contempladas no despacho do Ministério da Educação e Ciência”, acrescenta.

3.8.12

Falta de verbas impede Fundação "O Século" de levar crianças à praia

in Jornal de Notícias

A tradicional colónia de férias para crianças carenciadas promovida pela Fundação "O Século" não se vai realizar este ano devido a dificuldades financeiras.

Com exceção do período do 25 de Abril de 1974, quando a atividade esteve parada por motivos políticos, esta é a primeira vez que a Fundação não realiza a colónia de férias.

"Este ano não temos colónia de férias. É uma atividade que temos vindo a reduzir por questões de natureza estratégica e de oferta do serviço social que prestamos, mas também pela necessidade que temos de nos reestruturar em função das condições económicas que todas as instituições passam e nós também. Temos de gastar de acordo com as nossas possibilidades", explicou o presidente da instituição, Emanuel Martins.

A Fundação entendeu que "era tempo de repensar as colónias de férias, verificar a sua utilidade e da oferta que devia constituir enquanto tal e, por isso, tem de ser repensada noutro modelo, noutro modelo económico e com outras condições", explicou.

No entanto, o responsável admitiu que na base daquela decisão estão, acima de tudo, as atuais condições económicas. "Não precisaríamos de repensar o modelo se não houvesse outros condicionalismos do ponto de vista económico. Podíamos manter e ir mudando gradualmente", admitiu.

O presidente da Fundação "O Século" explicou que o maior investimento que está a fazer noutras áreas sociais, nomeadamente o acolhimento permanente de crianças em risco, também está a condicionar o modelo tradicional das colónias de férias porque reduziu o espaço físico da fundação.

A fundação chegou a acolher mil crianças entre os seis e os 12 anos de todo o país para a colónia de férias, mas o número foi sendo reduzido e, no ano passado, já só levaram à praia cerca de 200.

"Nos dois últimos anos já mudámos o modelo, já não foi com esta universalidade, as crianças começaram a ser mais de perto e, à noite, não pernoitavam. Eram poucas as que pernoitavam para conseguirmos dar mais resposta", explicou Emanuel Martins.

"São estas as questões que têm de ser equacionadas: Qual é a virtualidade de fazer colónias de férias apenas para virem cá durante o dia ou fazermos menos com outro tipo de resposta? E é aí que o fator económico pesa de forma substantiva. Se em outros tempos não tínhamos esta pressão do fator económico, agora temos e temos que repensar como fazê-lo", acrescentou.

Apesar das dificuldades, o responsável não esconde que vai enfrentar "o desafio" de tentar retomar a colónia de férias em 2013.

Criada em 1927 pelo jornal "O Século", a Colónia Balnear Infantil, como era inicialmente chamada, proporcionou férias de verão a milhares de crianças portuguesas, muitas das quais nunca tinham sequer ido à praia.

Em 1943 a Colónia já tinha proporcionado férias a 31.123 crianças e o financiamento estava a tornar-se difícil, pelo que o seu administrador decidiu criar um financiador empresarial para a obra e pediu autorização para instalar em Lisboa uma feira internacional de amostras: nascia assim a Feira Popular, que passou a financiar as férias das crianças carenciadas.

A Fundação "O Século" foi criada em 1998 para prosseguir e desenvolver a obra social da Colónia Balnear Infantil.

Além da colónia de férias e do acolhimento de crianças em risco, a Fundação tem outras valências como uma creche, um pré-escolar, um ATL e assistência domiciliária a idosos.