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5.11.21

Faltam 136 anos para atingir a igualdade salarial, há uma mala portuguesa que tem garantia até lá

Inês Duarte de Freitas, in Público on-line

A marca de luxo Ownever lançou uma mala com garantia até 2157, ano em que homens e mulheres vão ganhar equitativamente, de acordo com o Fórum Económico Mundial.

Faltam 136 anos para ser atingida a igualdade salarial entre homens e mulheres em Portugal. A propósito do Dia da Nacional de Igualdade Salarial, que se assinalou esta terça-feira, 2 de Novembro, a marca portuguesa de luxo Ownever lançou uma mala com garantia até 2157, o ano em que este marco da igualdade de género será atingido, de acordo com o Fórum Económico Mundial (FEM).

Ainda está para nascer a geração de mulheres que irá presenciar a igualdade de género a nível salarial. O mais recente relatório do FEM sobre igualdade de género, divulgado em Abril passado, revelava que a pandemia veio agravar as diferenças entre homens e mulheres, a nível global, saindo as mulheres mais penalizadas. Em vez de 99,5 anos para colmatar a desigualdade entre os dois sexos, serão agora necessários mais 36 anos. Na prática, em média, a diferença remuneratória, em Portugal, corresponde a 52 dias de trabalho pago.

A Ownever, uma marca criada por mulheres, para alertar para esta desigualdade criou a mala “2157”. Durante 136 anos, o produto está salvaguardo de qualquer problema ou defeito com uma garantia alargada. “Somos uma marca criada por mulheres para mulheres e depois de ler este relatório, e olhando por exemplo para a desigualdade salarial, não poderia ficar indiferente”, salienta a fundadora da marca, Eliana Barros, em comunicado.

Esta edição especial, já disponível, é feita à mão em Portugal, com recurso a pele vegetal biológica, de forma sustentável e custa 395 euros. Todas a malas da marca, inspiradas no estilo clássico francês, são manufacturadas de forma artesanal por mulheres e primam, precisamente, pela durabilidade. O objectivo, é explicado em comunicado, é que as malas possam ser “passadas de geração em geração”, promovendo a economia circular.

A sustentabilidade é um dos pilares da marca que não só produz por encomenda, de maneira a evitar o desperdício, mas também faz reparações de outras carteiras. A Ownever repara malas de outras marcas, quer sejam ou não de luxo, mudando inclusive a cor do produto, as alças e recuperando a pele.

20.1.21

Aumento das disparidades sociais ameaça economia nos próximos três a cinco anos, alerta o WEF

Tiago Varzim,  in EcoOnline

O Fórum Económico Mundial avisa que a pandemia está a aumentar as disparidades sociais que irão ameaçar as economias. É uma lição para outros riscos futuros como a emergência climática.

Para o Fórum Económico Mundial (WEF, na sigla inglesa) 2020 trouxe uma lição para todos os países sobre os “efeitos catastróficos” que comporta ignorar os riscos de longo prazo, como é o caso das doenças infecciosas. No Global Risks Report 2021 divulgado esta terça-feira, a organização assinala consequências como o aumento das disparidades sociais, o que ameaçará a economia nos próximos três a cinco anos e que irá enfraquecer a estabilidade geopolítica mais à frente.

Se a pandemia de Covid-19 foi uma chamada de alerta para os governos, o WEF continua a considerar que a emergência climática está no topo dos riscos tanto na probabilidade de se concretizar como no impacto que pode ter na próxima década nas sociedades e nas economias. O relatório dedicado aos riscos é publicado todos os anos antes do encontro de Davos (na Suíça) que em 2021 irá realizar-se via live streaming pela primeira vez.

O Fórum nota que o risco de pandemias é identificado nos relatórios há 15 anos, mostrando qual é o custo da impreparação perante estes perigos. Contudo, em vez de ser um motor de mudança, a organização teme que a Covid-19 prejudique ainda mais a cooperação internacional e afete mais as minorias que estavam em desvantagem já antes da pandemia. Mesmo na tecnologia, o Fórum avisa que o risco do fosso entre ricos e pobres está a aumentar, “desafiando a coesão social”, principalmente entre os jovens que enfrentam numa só geração a segunda crise mundial.

“As fraturas sociais, a incerteza e a ansiedade irão dificultar ainda mais o alcance da tão necessária coordenação para abordar a degradação contínua do planeta”, avisa o Fórum, mostrando-se pouco otimista. “Sabemos o quão difícil é para governos, empresas e outros stakeholders abordar estes riscos a longo prazo, mas a lição para todos nós passa por reconhecer que ignorar estes riscos não faz com que a probabilidade de acontecerem seja menor“, alerta a economista Saadia Zahidi, diretora do World Economic Forum.

O apelo do Fórum Económico Mundial é que, à medida que a pandemia deixe de ser um problema — se a vacinação foi eficaz –, os governos, as empresas e os cidadãos “têm de, e de forma célere, moldar a nova economia e os sistemas sociais para que melhorem a nossa resiliência coletiva e a capacidade de responder a choques, enquanto reduzem a desigualdade, melhorando a saúde e protegendo o planeta”.

É que não há uma “vacina” contra a emergência climática, avisa Peter Giger, da Zurich Insurance Group, parceiro do WEF, referindo que a “incapacidade de agir” sobre as alterações climática continua a ser o “maior risco”. “Os planos para a recuperação pós-pandémica devem focar-se no alinhamento entre crescimento e as agendas de sustentabilidade para reconstruir um mundo melhor”, recomenda.

Porém, se as lições desta crise “forem apenas” para preparar melhor a próxima pandemia, “em vez de dar destaque aos processos, capacidades e cultura de risco, o mundo estará outra vez a planear para a última crise em vez de estar a antecipar a próxima”, alerta o Fórum Económico Mundial, notando que a Covid-19 oferece quatro oportunidades para os governos e as empresas: formular enquadramentos analíticos que olhem para os riscos de uma forma holística; investir em “campeões de risco”; melhorar os riscos comunicacionais e combater a desinformação; e explorar novas formas de parcerias público-privadas para a preparação do risco.
Portugal “tende a ignorar” a desigualdade digital

Quanto a Portugal em particular, um dos porta-vozes deste relatório, Edgar Lopes, chief risk officer da Zurich Portugal (parceira do WEF), diz ao ECO que “qualquer um dos dez riscos identificados são riscos altamente prováveis de acontecerem em Portugal“, mas dá destaque a um que o país “tende a ignorar”: a desigualdade digital. “A Covid-19 acelerou e ampliou a 4.ª Revolução Industrial com a rápida expansão das compras online, o teletrabalho, a telescola, a telemedicina e telefisioterapia ou as sessões de desporto a partir de casa“, assinala, referindo que estas mudanças vão manter-se e podem criar desigualdades.

Para o responsável da Zurich surge o perigo de haver “trabalhadores excluídos dos recursos digitais” que “perderão as oportunidades de educação e emprego constantemente criadas pela economia digital global, que podem, por sua vez, nunca encontrar candidatos adequados”. “É urgente investir significativamente em ações de requalificação e renovação de competências para que a economia digital não se torne uma barreira ao progresso individual e coletivo“, recomenda Edgar Lopes.

Outro dos porta-vozes do relatório, Fernando Chaves, risk specialist da Marsh Portugal, também refere as “exigências digitais e as novas formas de trabalho”, mas dá mais ênfase à coesão da sociedade. “Num cenário de crise, durante e pós-pandemia, aumenta potencialmente as desigualdades, adia-se as oportunidades para as gerações mais jovens e aumenta o risco de diversas tensões sociais, assim como o descrédito das pessoas face aos sistemas vigentes, crescendo o risco de polarização da nossa sociedade”, alerta.

O responsável da Marsh Portugal avisa também para a perda de bem-estar por causa da crise, os eventos climáticos extremos e os ataques cibernéticos. “E tudo isto num cenário de estagnação prolongada, ao qual, garantidamente, Portugal não deverá ser alheio“, antecipa, recordando um outro relatório sobre riscos divulgado no quarto trimestre de 2020 em que as empresas portuguesas identificavam, além da pandemia, o “risco de falha dos mecanismos ou das instituições financeiras, assim como do desemprego e subemprego”.

Top 10 de riscos por probabilidade
Clima Extremo;
Fracasso na ação climática;
Danos ambientais causados pela humanidade;
Doenças infecciosas;
Perda da biodiversidade;
Concentração do poder digital;
Desigualdade digital;
Quebra das relações entre Estados;
Fracasso da cibersegurança;
Crises de subsistência.
Top 10 de riscos por impacto
Doenças infecciosas;
Fracasso na ação climática;
Armas de destruição em massa;
Perda da biodiversidade;
Crises de recursos naturais;
Danos ambientais causados pela humanidade;
Crises de subsistência;
Clima extremo;
Crises financeiras;
Colapso das Infraestruturas de TI.

26.1.18

Davos debate luta contra as desigualdades

De Euronews

Os problemas e riscos levantados pelas desigualdades económicas e de género são um dos temas fortes da edição 2018 do Fórum de Davos.

Pela primeira vez em quase meio século de história, o Fórum Económico de Davos é integralmente dirigido por mulheres, uma resposta da organização às críticas sobre a predominância do sexo masculino nos comandos do evento.
"Temos de garantir que a voz das mulheres é escutada, que as mulheres tenham os mesmos direitos (que os homens), que haja paridade na força de trabalho e que a vaga de violência contra as mulheres seja, de facto, eliminada."

A direção de Davos é este ano assegurada por sete mulheres, incluindo a diretora do FMI, da IBM e a primeira-ministra da Noruega.

A diretora-executiva da Greenpeace, Jennifer Morgan, espera que seja o inicio de uma nova era:
"Estou muito entusiasmada por ter estas mulheres a dirigir-nos este ano. Espero que seja apenas o inicio e que mais mulheres entrem nas administrações e assumam papeis de liderança e que haja igualdade nos salários, entre muitas outras coisas."

É necessária mais, igualdade, mais paridade e o fim da violência contra as mulheres, refere a Secretária Geral da Confederação Sindical Internacional, Sharan Burrow:

"Temos de garantir que a voz das mulheres é escutada, que as mulheres tenham os mesmos direitos (que os homens), que haja paridade na força de trabalho e que a vaga de violência contra as mulheres seja, de facto, eliminada." Uma equidade que também é necessária para reduzir o fosso crescente entre ricos e pobres,como explica a diretora-executiva da Oxfam, Winnie Byanyima:

"A desigualdade de género e a desigualdade económica estão ligadas e têm de ser tratadas em conjunto. No nosso relatório mostramos que a maioria das pessoas que está presa na pobreza, que tem os trabalhos mais miseráveis com as piores condições de trabalho e com os piores salários, são mulheres."

O mais recente estudo da ONG Oxfam mostra que 42 pessoas acumulam tanta riqueza como os 3700 milhões que representam a metade mais pobre da população mundial, um risco para o qual a sociedade moderna tem de olhar com muita atenção.

19.1.16

Quarta revolução industrial levará à perda de cinco milhões de empregos em cinco anos

in Público on-line

As principais economias mundiais serão as mais afectadas, revela relatório que vai ser divulgado pelo Fórum Económico Mundial.

A quarta revolução industrial pode causar a perda de cinco milhões de empregos em cinco anos nas principais economias mundiais, alerta um relatório divulgado nesta segunda-feira pelo Fórum Econômico Mundial (FEM), que organiza o fórum em Davos.

A quarta revolução industrial "irá causar grande perturbação não só sobre o modelo de negócio, mas também no mercado de trabalho durante os próximos cinco anos", disse o relatório divulgado antes do Fórum de Davos, que começa na quarta-feira.

Depois da primeira revolução (advento da máquina a vapor), da segunda (electricidade, linha de montagem) e da terceira (eletrónica, robótica) vem a quarta que combina diversos factores no trabalho, como a Internet e os dados que transformam a economia. Estas alterações resultam numa perda líquida de mais de cinco milhões de empregos nos 15 principais países desenvolvidos e emergentes, diz o FEM que analisou a situação em economias como a dos Estados Unidos, Alemanha, França, China e Brasil.

"São precisas medidas urgentes e concretas para esta transição, a médio prazo, e criar um grupo de trabalho com competências para o futuro, os governos terão de enfrentar um aumento constante do desemprego e da desigualdade" alerta o presidente e fundador do FEM, Klaus Schwab, em um comunicado.

Segundo outro estudo do Fórum de Davos, a quarta revolução industrial também terá consequências para as mulheres. "O peso da perda de postos de trabalho como resultado da automação e da desintermediação da quarta revolução industrial terá um impacto relativamente equitativo entre homens e mulheres", dos cinco milhões que vão perder o emprego, 52% são homens e 48% mulheres, revela o relatório.

18.1.16

Riqueza de 1% da população superou a dos restantes 99% em 2015

in Público on-line

Relatório da Oxfam publicado a dois dias do Fórum Económico Mundial de Davos.

A riqueza acumulada por 1% da população mundial, os mais ricos, superou a dos 99% restantes, em 2015, um ano mais cedo do que se previa, informou neste domingo a ONG Oxfam, a dois dias do Fórum Económico Mundial de Davos.

"O fosso entre a franja dos mais ricos e o resto da população (o planeta) aumentou de forma dramática nos últimos 12 meses", segundo um relatório da organização não-governamental (ONG) britânica Oxfam, intitulado Uma economia a serviço de 1%.

"No ano passado, a Oxfam estimava que isso acontecesse em 2016. No entanto, aconteceu em 2015: um ano antes", sublinha.

Para ilustrar o agravamento das desigualdades durante os últimos anos, a ONG calcula que "62 pessoas possuem tanto capital como a metade mais pobre da população mundial", quando, há cinco anos, era a riqueza de 388 pessoas que estava equiparada a essa metade.

A dois dias do Fórum Económico Mundial de Davos, na Suíça, onde se vão encontrar os líderes políticos e responsáveis das empresas mais influentes do mundo, a Oxfam apela aos participantes do influente encontro a agir.

"Não podemos continuar a deixar que centenas de milhões de pessoas tenham fome, quando os recursos para os ajudar estão concentrados, ao mais alto nível, em tão poucas pessoas", afirma Manon Aubry, directora dos assuntos de justiça fiscal e desigualdades da Oxfam, em França, citada pela agência de notícias France-Presse (AFP).

Segundo a ONG, "desde o início do século XXI que a metade mais pobre da humanidade beneficia de menos de 1% do aumento total da riqueza mundial, enquanto os 1% mais ricos partilharam metade desse mesmo aumento".

Para combater o crescimento destas desigualdades, a Oxfam apela ao fim da "era dos paraísos fiscais", sublinhando que nove em dez empresas que figuram entre "os sócios estratégicos" do Fórum Económico Mundial de Davos "estão presentes em pelo menos um paraíso fiscal".

"Devemos abordar os Governos, as empresas e as elites económicas presentes em Davos a empenharem-se para acabar com esta era de paraísos fiscais, que alimenta as desigualdades globais, e impedir que centenas de milhões de pessoas da pobreza", diz Winnie Byanyima, director-geral da Oxfam International, que estará presente em Davos.

No ano passado, vários economistas contestaram a metodologia utilizada pela Oxfam, com a ONG a defender o método utilizado no estudo de forma simples: o cálculo do património líquido, ou seja, os activos detidos menos dívida.

A pequena localidade suíça de Davos vai acolher, a partir da próxima quarta-feira, os líderes políticos e responsáveis das empresas mais influentes do mundo para debater a "4.ª revolução industrial", no âmbito do Fórum Económico Internacional Mundial (WEF).

Esta 46.ª edição do WEF, que termina a 23 de Janeiro, ocorre numa altura em que o medo da ameaça terrorista e a falta de respostas coerentes para a crise de refugiados na Europa se juntam às dificuldades que a economia mundial encontra para voltar a crescer e à forte desaceleração das economias emergentes.

Segundo o presidente do WEF, Klaus Schwab, a "'4.ª revolução industrial' refere-se à fusão das tecnologias", nomeadamente no mundo digital, que "tem efeitos muito importantes nos sistemas político, económico e social".

4.8.15

Portugal não pode mais (com esta gente)

José Soeiro, in Expresso

Cofinanciador, supervisor e regulador. Assim se define, na página 33 do programa da coligação PSD/CDS, o papel do Estado e da Administração Pública. Passos, que encheu o peito para dizer que está “a lutar por abril” e que “tem a chave do futuro” na mão, assume-se agora como o grande defensor do “Estado Social”. Solte-se uma gargalhada. Afinal, Passos e Portas são os campeões dos cortes na educação, na saúde ou nas prestações sociais. Mas vale a pena perceber a que corresponde esta língua de pau. Lê-se o programa da coligação e compreende-se: o Estado Social são subsídios para o setor privado. Exemplos concretos? Aí vão dois.

A renda aos colégios

Veio a público esta semana o concurso para os contratos de associação com as escolas privadas. Serão mais 656 turmas a serem financiadas com os impostos de todos, num total de cerca de 1750 em cada ano. O que mudou? Os critérios destes contratos. Até aqui, eles oficialmente serviam para pagar a colégios privados a oferta educativa em locais onde as escolas públicas, por razões várias, não podiam responder. Agora, ao lado destes colégios pode estar uma escola pública com condições para receber os estudantes, que o Estado financia-os na mesma. 80 500 euros por turma. Sai mais barato para os contribuintes? Claro que não. Sai muito mais caro.

De acordo com a Fenprof, só estas 656 turmas entregues aos privados por este concurso irão custar mais 3.6 milhões de euros do que se ficassem em escolas públicas. Ou seja, no total, os colégios privados receberão 140 milhões de euros com esta iniciativa do PSD e do CDS. O dinheiro dos impostos que é retirado às escolas públicas (que sofreram cortes na ordem dos 10%) é esbanjado para financiar as escolas privadas. No programa eleitoral da coligação apresentado ontem, pode ler-se o caminho apontado para o futuro: mais apoio financeiro para famílias com filhos em colégios. Viva o Estado Social.

As parecerias “público-sociais”: indústria da caridade

O segundo exemplo é o do Programa de Emergência Alimentar e a rede de Cantinas Sociais, que passaram com este governo de 62 para 842. Para essa e outras áreas do Programa de Emergência Social – a bandeira da direita no “combate à pobreza” – foram canalizados mil milhões de euros. A coligação quer agora fazer deste plano um “Programa de Desenvolvimento Social, assente numa parceria público-social” (p. 32 do programa). Campeões do Estado Social? Pelo contrário.

Em junho de 2012 havia 127.886 famílias beneficiárias do Rendimento Social de Inserção; em junho de 2015, com mais empobrecimento e desigualdade, eram 92.790. Os cortes nesta prestação de combate à pobreza não foram só no número de pessoas abrangidas, mas nos montantes, que desceram abruptamente com a mudança do coeficiente atribuído a cada filho. Em média, a prestação ronda hoje os 90 euros por pessoa, por mês. Dirão os mais cínicos que, com os cortes, pode haver mais miséria mas há menos famílias “dependentes” (como se os 90 euros por mês dessem qualquer folga...) e que o Estado poupou uns milhões. Acontece que nem uma coisa nem outra.

O Estado gasta hoje mais, mas em vez de dar às famílias diretamente, preferiu alimentar a caridade como negócio. Para uma família de 4 pessoas, o Governo transfere 600 euros por mês para a instituição privada que gere a cantina para servir aquela família, mas à família diretamente o apoio máximo é de 374 euros. Sobre promoção da autonomia, estamos conversados. Se fosse preciso acrescentar alguma coisa sobre esta indústria da caridade, o caso da mãe que perdeu o apoio alimentar quando se queixou de receber leite fora do prazo para uma filha de seis meses diz tudo sobre a cultura retrógrada que substitui direitos por favor e dignidade pela obrigação de estar caladinho.

Num programa eleitoral sem contas para apresentar e com metas deslocadas da realidade, sobre a Passos a retórica vazia, a luta pelo top-10 do ranking do Fórum Económico Mundial (uma piada, certamente) e propostas perigosas, como as alterações para descapitalizar e privatizar a segurança social por via do plafonamento. No que ao Estado Social diz respeito, nada de novo: transformá-lo num negócio para beneficiar privados. Uma coisa é certa: com esta receita, Portugal não pode mais.




22.1.14

Papa pede ao Fórum Económico Mundial melhor distribuição da riqueza

por Aura Miguel, in RR

Francisco considera que não se pode "tolerar" que milhares de pessoas “morram de fome todos os dias, apesar de estarem disponíveis enormes quantidades de alimentos”.

O Papa alerta para a fome que mata numa mensagem aos membros do Fórum Económico Mundial, reunidos em Davos, na Suíça, em que defende políticas e medidas económicas mais humanas.

O desenvolvimento alcançado e os esforços para combater a pobreza têm visto alguns avanços, mas não chega para acabar com a exclusão social, refere Francisco.

Por isso, sublinha, as instâncias políticas e económicas devem promover medidas centradas no bem comum e no respeito pela dignidade de cada pessoa, sobretudo dos mais frágeis e indefesos.

O Papa usa palavras fortes. Diz que não se pode “tolerar” que milhares de pessoas “morram de fome todos os dias, apesar de estarem disponíveis enormes quantidades de alimentos que são simplesmente desperdiçadas”.

Francisco considera que não se pode ficar indiferente perante numerosos refugiados à procura de condições minimamente dignas, pessoas que não são acolhidas e que, às vezes, encontram a morte em viagens desumanas.

Francisco reconhece que usa palavras fortes e dramáticas para desafiar o auditório do Fórum Económico Mundial, pedindo que usem a sua capacidade profissional, o seu engenho e a sua competência para a promoção de um crescimento económico integral, sem esquecer a dimensão transcendente da pessoa porque, só assim, se poderá formar uma nova mentalidade política e empresarial, numa óptica económica e financeira realmente humanas.