6.10.07

SOS Racismo denuncia terror nas escolas da Margem Sul do Tejo provocado por skinheads

in Jornal Público

Dirigentes do SOS Racismo, reunidos ontem na Tocha, Coimbra, denunciaram um clima de terror em escolas e bairros residenciais da Margem Sul do Tejo, imputando a responsabilidade da situação a grupos de cabeças-rapadas.

"Os skinheads estão a levar o terror às escolas da Margem Sul. Estão a crescer e a recrutar jovens nas secundárias, há miúdos de 14 e 15 anos que andam com t-shirts do Hitler", afirmou ontem Nuno Chulagge, do SOS Racismo, numa acção de formação que reúne até amanhã na Tocha cerca de meia centena de sócios e simpatizantes daquela entidade. Segundo Nuno Chulagge, as escolas em causa situam-se no Barreiro, Almada, Seixal, Corroios, Amora e Feijó e a alegada actuação dos cabeças-rapadas passa pela atracção dos mais jovens para as causas da extrema-direita.

"Cada vez há mais skinheads. Os putos na escola querem é heróis e olham para eles como se olhassem para o Messias. É um discurso idiota [a mensagem da extrema-direita] mas cativa os miúdos", avisou.

Segundo o SOS Racismo, a Internet e as claques de futebol são outros terrenos de recrutamento preferidos dos cabeças-rapadas, apontados ainda como responsáveis por raides em jipes e carrinhas a bairros da margem Sul "na perseguição a pretos, ciganos e brancos traidores da sua causa", frisou. Sustentando que a violência "vai acabar por ser inevitável e recorrente", Nuno Chulagge alertou para o crescendo de atitude e a falta de receio dos skinheads.

Já José Falcão, dirigente do movimento, defendeu um "papel activo" do SOS Racismo nas escolas, assumindo a necessidade de confrontar a extrema-direita ao nível das ideias e da política. "É bom que apareçam publicamente a dizer o que são porque quando um deles abre a boca as pessoas vêem o que são", disse.

O confronto político, assumiu José Falcão, tem de ser estendido a quem "não combate o problema", apontando as sucessivas políticas de imigração em Portugal.