in Jornal Público
Dirigentes do SOS Racismo, reunidos ontem na Tocha, Coimbra, denunciaram um clima de terror em escolas e bairros residenciais da Margem Sul do Tejo, imputando a responsabilidade da situação a grupos de cabeças-rapadas.
"Os skinheads estão a levar o terror às escolas da Margem Sul. Estão a crescer e a recrutar jovens nas secundárias, há miúdos de 14 e 15 anos que andam com t-shirts do Hitler", afirmou ontem Nuno Chulagge, do SOS Racismo, numa acção de formação que reúne até amanhã na Tocha cerca de meia centena de sócios e simpatizantes daquela entidade. Segundo Nuno Chulagge, as escolas em causa situam-se no Barreiro, Almada, Seixal, Corroios, Amora e Feijó e a alegada actuação dos cabeças-rapadas passa pela atracção dos mais jovens para as causas da extrema-direita.
"Cada vez há mais skinheads. Os putos na escola querem é heróis e olham para eles como se olhassem para o Messias. É um discurso idiota [a mensagem da extrema-direita] mas cativa os miúdos", avisou.
Segundo o SOS Racismo, a Internet e as claques de futebol são outros terrenos de recrutamento preferidos dos cabeças-rapadas, apontados ainda como responsáveis por raides em jipes e carrinhas a bairros da margem Sul "na perseguição a pretos, ciganos e brancos traidores da sua causa", frisou. Sustentando que a violência "vai acabar por ser inevitável e recorrente", Nuno Chulagge alertou para o crescendo de atitude e a falta de receio dos skinheads.
Já José Falcão, dirigente do movimento, defendeu um "papel activo" do SOS Racismo nas escolas, assumindo a necessidade de confrontar a extrema-direita ao nível das ideias e da política. "É bom que apareçam publicamente a dizer o que são porque quando um deles abre a boca as pessoas vêem o que são", disse.
O confronto político, assumiu José Falcão, tem de ser estendido a quem "não combate o problema", apontando as sucessivas políticas de imigração em Portugal.