Eduarda Ferreira, in Jornal de Notícias
Será um processo lento, com resultados só a longo prazo, advertiu ontem o director-geral de Saúde quando apresentava, em Lisboa, a Plataforma contra a Obesidade. Trata-se de um conjunto de iniciativas destinadas a prevenir e tratar o excesso de peso e o peso mórbido, problemas que já estão instalados na sociedade portuguesa. O alvo prioritário serão as crianças e jovens já com peso a mais e evitar que outras sigam esta tendência. O Governo quer envolver famílias, escolas, serviços de saúde e empresas na promoção de uma alimentação saudável.
Actuar antes que a obesidade se instale. Sobretudo nas crianças. É esta a filosofia da Plataforma contra a Obesidade, que elenca iniciativas no campo legislativo, da prestação de cuidados e educação.
O ministro da Saúde garantiu ontem não querer "diabolizar" produtos da indústria alimentar nem fazer campanha activa contra os que contribuam para a obesidade da população. Correia de Campos disse que, pelo contrário, pretende que aquele e outros sectores se unam aos esforços de combate à epidemia da obesidade. Uma das formas já tinha antes sido referida pelo coordenador da Plataforma. Disse o nutricionista João Breda que uma das iniciativas será a de promover por via legislativa novas formas de rotulagem, por forma a tornar legível a informação nutricional, já que "nove em cada dez portugueses não entendem nada dos rótulos". Em termos legislativos está prevista também a iniciativa que regule a publicidade e marketing de alimentos dirigidos a crianças e adolescentes.
Sozinho, o Ministério da Saúde não poderá fazer muita coisa, é a convição de João Breda. Por isso, haverá o envolvimento das autarquias, procurando que o urbanismo estimule ao exercício físico. Os municípios deverão criar gabinetes que supervisionem a alimentação nos ensinos pré-escolar e escolar. Nas escolas, a disponibilidade de alimentos ficará condicionada a que eles cumpram teores máximos de sal e açúcar. No âmbito dos serviços de saúde, serão implicados os seus profissionais na prevenção e controlo da obesidade. Ficam prometidas consultas multidisciplinares para abordagem da obesidade em cinco centros de saúde. Alguns medicamentos para tratar a obesidade já instalada vão ser comparticipados e as intervenções para colocação de banda gástrica serão avaliadas por uma comissão de âmbito nacional.
Ontem, o Ministério da Saúde estabeleceu um protocolo com a Galp com vista à sensibilização pública para o combate à obesidade.