4.5.07

Linhas de crédito para despesas de saúde são poucas e caras

Rosa Soares, in Jornal Público

O que fazer se, de forma inesperada, descobrir que precisa de uma soma considerável de dinheiro para fazer face a uma despesa de saúde? Se não tiver seguro de saúde ou este for insuficiente, e se não tiver um pequeno aforro que possa utilizar, a solução pode mesmo ter de passar pela ida ao banco. Em algumas instituições encontram-se soluções específicas, mas a custos elevados, com taxas de juro que podem ser semelhantes ou mesmo superiores às do crédito pessoal.

A revista "Dinheiro & Direitos" ("D&D"), da Deco/Proteste, fez um levantamento às soluções propostas pelo sector bancário e é possível encontrar algumas linhas de crédito específicas, mas a elevada taxa de juro, em especial nos intervalos máximos, e os encargos e seguros obrigatórios acabam por tornar os custos destes empréstimos muitos elevados. Utilizando as taxas máximas e tendo por base um empréstimo de cinco mil euros, a pagar em 24 meses, os cálculos da revista "D&D" apontam para valores superiores a 17 por cento em todos os bancos. No caso da Caixa Geral de Depósitos, a TAEG - taxa anual efectiva garantida atinge no valor máximo os 20,76 por centos (ver quadro).

Na prática, quando existem estas linhas de crédito específicas, o seu custo é muito semelhante ao de uma linha de crédito pessoal normal. No caso do Santander é mesmo idêntico. Assim, recorrer ao crédito bancário para fazer uma cirurgia ou uma viagem de férias pode ter custos rigorosamente iguais.

João Fernandes, especialista de crédito da "D&D", explicou ao PÚBLICO que em relação às taxas máximas oferecidas nestas linhas de crédito específicas para despesas de saúde - que são as que muitas vezes são oferecidas a não clientes do banco -, há soluções mais vantajosas ao nível do crédito pessoal.

Nas linhas de crédito específicas, os bancos não impõem restrições ao destino a dar ao crédito, que tanto pode ser utilizado para financiar uma operação estética, como para um delicada operação ao coração. Mas as situações mais graves acabam por estar acauteladas, uma vez que para aceder a este tipo de empréstimos é obrigatório, em todos os bancos, a subscrição de um seguro de vida. Em algumas instituições é ainda obrigatório a subscrição de um seguro de protecção de créditos, sendo opcional noutras. A exigência de seguros de vida e de protecção de créditos é uma prática comuns no crédito pessoal.

A agravar o custo do crédito para despesas de saúde estão ainda as despesas iniciais de processo, que em alguns bancos são fixas e noutros dependem do valor do empréstimo.

Negoceie com o seu banco

Perante a necessidade de recorrer ao crédito bancário, os clientes não devem aceitar a primeira proposta do banco, mesmo que esta esteja formatada num produto específico para esse fim. João Fernandes alerta para a necessidade de sondar, pelo menos, dois a três bancos e comparar as diferentes propostas, utilizando-as, sempre que possível, na negociação com o banco de maior envolvimento, que será, à partida, o que poderá oferecer melhores condições.

Mesmo perante os mínimos fixados, é possível, em muitos casos, conseguir melhores taxas. Também em relação à exigência de seguros e outras comissões de processo deve ser feita uma tentativa para reduzir ou ajustar a oferta bancária.

Na negociação com o banco pode ser benéfico jogar com outros produtos que o cliente tenha nessa instituição, designadamente produtos de aforro.