Susana Pinheiro, in Diário de Notícias
O Presidente da República chamou ontem a atenção, em Braga, para a necessidade de se "pensar seriamente sobre as políticas de natalidade, de protecção das crianças, de valorização dos jovens e de qualificação dos activos". Tudo porque, advertiu Cavaco Silva, durante o encerramento do VIII Congresso Nacional das Misericórdias, se avizinha um "cenário de envelhecimento e de recessão demográfica, fenómeno que, até pela sua dimensão estrutural, não encontra precedentes na história" do País.
Segundo o Presidente da República, "uma vez chegados a 2050, a população idosa e o seu peso relativo na Europa duplicará, subindo dos actuais 20% para 40% do total da população". Cavaco Silva alertou para o facto destes números representarem um desafio muito maior para Portugal do que para a União Europeia. Sobretudo, reforçou, "se a tendência demográfica - que em nada se afasta do padrão europeu - não for acompanhada pelo crescimento da riqueza, a um ritmo necessariamente superior ao actual".
Avisou que, para vencer tal desafio, os portugueses não podem "repousar exclusivamente sobre a iniciativa e a responsabilidade do Estado e das políticas públicas". Tanto, que "no futuro será difícil exigir ao Estado uma maior fatia de recursos para protecção e Segurança Social".
Cavaco Silva interrogou-se sobre o modo como o País se vai preparar para o desafio, sobre "os recursos a afectar a esta realidade e, acima de tudo, as reformas a empreender para, atempadamente, estabelecer um modelo social que seja sustentável, e mais importante, que confira maior dignidade ao envelhecimento".
Após inaugurar uma série de equipamentos no concelho de Vila Verde, o Presidente da República exortou a comunidade a "combater o abandono e insucesso escolar, e o trabalho infantil".