6.6.07

Portugal trabalha menos fora de horas

Clara Viana, in Jornal Público

Estudo da União Europeia mostra que se trabalha mais aos fins-de-semana do que à noite


Por iniciativa das empresas, em Portugal trabalha-se pouco fora do horário normal (das 9hoo às 17h00), revela um estudo da Fundação Europeia para a Melhoria das Condições de Vida e de Trabalho, divulgado recentemente.

Entre 21 países da União Europeia - os 15 mais "velhos" e seis dos novos Estados-membros (República Checa, Chipre, Hungria, Letónia, Polónia e Eslovénia) -, as empresas portuguesas são as que menos recorrem à sua mão-de-obra durante os fins-de-semana. Quanto a trabalho nocturno, estamos em penúltimo lugar - menos, neste domínio, só as empresas que operam na Grécia.

No estudo elaborado pela fundação, que contabiliza as empresas que recorrem ao trabalho extra de pelo menos 20 por cento da sua mão-de-obra, a Grã-Bretanha sobressai como o país campeão em trabalho fora de horas: cerca de 40 por cento das empresas requisitam regularmente os seus empregados para trabalharem aos sábados; 27,4 por cento segue esta prática aos domingos e 13,2 por cento recorre com regularidade ao trabalho nocturno.

Em Portugal, estas percentagens descem respectivamente, para 11 e 4 por cento (um patamar que se aplica tanto ao trabalho dominical, como nocturno).

Com base num inquérito às empresas (Establishment Survey on Working Time, ESWT) realizado entre 2004 e 2005 junto de mais de 21 mil empresários e cerca de cinco mil representantes de trabalhadores, o estudo sobre o trabalho "fora das horas normais" identifica alguns padrões. Por exemplo, quanto maior é a empresa, maior é a incidência do trabalho extra. O trabalho aos fins-de-semana é particularmente representativo no sector da hotelaria e restauração e o nocturno entre os serviços de abastecimento (electricidade, gás e água) e os sectores da saúde e segurança social.

No conjunto dos 21 países da UE avaliados, o trabalho ao fim-de-semana é mais representativo do que o nocturno. Problemas identificados pelo estudo europeu: nas empresas que mais recorrem a trabalho fora do horário normal há mais queixas de absentismo e falta de motivação. Tendência esboçada para o futuro: à semelhança do que já acontece na hotelaria, comércio e restauração, é provável que o trabalho fora de horas passe a ser assimilado a um horário "normal", o que significa perder as compensações extra pela sua realização.