6.6.07

Taxa de poupança das famílias e empresas atinge novos mínimos

Sérgio Aníbal, in Jornal Público

O consumo cresce pouco, mas os portugueses estão a ser forçados a reduzir a sua poupança. Este indicador atingiu o valor mais baixo dos últimos anos

A taxa de poupança das famílias portuguesas registou, durante o ano passado, a descida mais forte dos últimos anos, caindo para um novo valor mínimo.

De acordo com o Relatório de Estabilidade Financeira de 2006 publicado ontem pelo Banco de Portugal, a poupança corrente dos particulares foi, durante o ano passado, de 5,9 por cento do PIB, um valor que compara com os 6,7 por cento de 2005.

Acentua-se assim uma quebra que se regista já desde 2003, quando este indicador atingia os 7,7 por cento do PIB. Em percentagem do rendimento disponível, a poupança das famílias está situada nos 8,3 por cento.

A taxa de poupança é influenciada pela forma como evolui o rendimento disponível das famílias e o seu consumo. Apesar de o consumo privado estar a crescer, durante os últimos anos, a um ritmo muito lento, tal acontece ao mesmo tempo que o rendimento disponível apresenta uma evolução ainda mais fraca.

Nas empresas, a taxa de poupança corrente caiu de 7,2 para 5,5 por cento, igualmente a maior descida dos últimos anos.

Ao nível do endividamento, manteve-se a tendência de subida, que no caso dos particulares, já atinge os 124 por cento do rendimento disponível (em 2005, este valor era de 117 por cento). Para a estabilidade do sector financeiro, este fenómeno, que se faz sentir também nas empresas (endividamento de 105 por cento do PIB), é um dos que mais preocupações causam ao Banco de Portugal.

No relatório ontem publicado, esta entidade diz que o forte crescimento do crédito concedido pelo sistema bancário nos últimos anos "implicou um aumento da sua exposição ao sector privado não financeiro". "O elevado nível de endividamento dos particulares pode constituir uma fonte potencial de risco, sobretudo num contexto de melhoria ainda incipiente no mercado de trabalho e de aumento das taxas de juro", alerta o Banco de Portugal.