19.2.08

Licenciados no desemprego duplicaram em cinco anos

Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias

Situação profissional dos licenciados tem vindo a piorar


São já quase 60 mil as pessoas com um curso superior, mas que não têm um lugar no mercado de trabalho. Apesar dos sucessivos alertas sobre a necessidade de escolher um curso pensando nas hipóteses de encontrar emprego, e das promessas do Governo de revelar a empregabilidade de cada curso superior, a verdade é que a quantidade de licenciados no desemprego mais do que duplicou desde 2002 até ao final do ano passado, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). E se a taxa de desemprego entre as pessoas com mais habilitações era, por norma, bem mais baixa do que a global, essa diferença tem vindo a esbater-se.

Há cinco anos, o país contava com 26 mil licenciados no desemprego; no ano passado, o número subia para quase 60 mil. Sabendo que o Norte do país é a região com mais desemprego,compreende-se que seja, aí também, que se encontra o maior número de pessoas com habilitações superiores, mas sem um lugar no mercado laboral das 60 mil existentes em todo o país, um terço vive a norte.

É exactamente o mesmo número registado em Lisboa, mas com duas grandes diferenças a primeira é que, no espaço destes cinco anos, o desemprego qualificado em torno da capital tem baixado significativamente, enquanto que, a norte registou-se, até, um ligeiro aumento.

A segunda demonstra que, nos níveis de habilitações mais baixos, até à escolaridade mínima obrigatória, o desemprego em Lisboa aumento 25%, em cinco anos.

A norte, praticamente duplicou, espelhando a sequência de falências, despedimentos e deslocalizações de empresas de sectores tradicionais e que empregavam mão-de-obra barata e desqualificada. Das 186 mil pessoas sem trabalho, nesta região, a maioria (140 mil) tinha estudado até ao 9.º ano, na melhor hipótese.

O próprio INE indica que, em cinco anos e nesta região, o número de operários sem trabalho duplicou (para 46 mil pessoas) e o de trabalhadores não qualificados no desemprego subiu 160%, para 25 mil pessoas.

Ciências sociais "a negro"

Entre os licenciados, os oriundos das ciências sociais são os mais atingidos pela falta de trabalho. A conclusão é retirada de dados pessoais de quem se inscreve nos centros de emprego. Datam de há um ano, mas a tendência é já antiga e deverá manter-se actual.

Cursos como Direito, História, Filosofia, Geografia ou Sociologia lideravam na lista dos desempregados, seguidos dos relacionadas com a educação e a formação de formadores.