23.2.08

Situação vai manter-se

Alexandra Figueira, in Jornal de Notícias

Portugal não está habituado a viver com taxas de desemprego como as dos últimos anos, mas terá que se acostumar a elas, pelo menos no futuro próximo. A economia portuguesa está a modernizar-se e vai pedir cada vez mais técnicos qualificados, pondo de parte a enorme massa de pessoas com baixas qualificações (e dificilmente qualificáveis), que já estão no desemprego há muito tempo ou que já têm uma idade mais avançada. Por isso, acredita Pires de Lima, o melhor é o Governo - qualquer que ele seja - procurar soluções para estas pessoas, em vez de lhes "atirar poeira para os olhos", levando-as a crer que o crescimento económico lhes trará trabalho. O presidente da Unicer e Lino Maia, presidente da Confederação das Instituições de Solidariedade, debatiam anteontem, em tom pouco optimista, o trabalho e a falta dele, em mais uma sessão da Olhares Cruzados, a parceria entre a Católica e o "Público". Com a conversa constantemente a resvalar para a necessidade de "desconcentrar", "descentralizar" ou "regionalizar" - em todo o caso, de dar mais autonomia e capacidade de decisão às regiões - os dois oradores mostraram-se preocupados com a situação económica do Norte, que já foi uma das mais industrializadas da Europa, recordou Pires de Lima. As carências sociais agravadas pelo desemprego são em parte colmatadas pelas instituições de solidariedade que, lembra Lino Maia, empregam sobretudo mulheres, as mais atingidas pela falta de trabalho. Mas para melhor desempenharem a sua tarefa, as instituições deviam sem mais autónomas de financiamento público, procurando actividades lucrativas. E, para isso, apela ao Governo uma alteração da lei.