Carla Sofia Luz, in Jornal de Notícias
Cerca de 150 mil famílias da Região Norte enfrentam dificuldades económicas devido ao atraso do pagamento das indemnizações compensatórias pelo Governo. A acusação partiu do PSD/Porto, que reclama a entrega dos valores em dívida aos pequenos agricultores até ao próximo dia 20. O presidente da Distrital, Marco António Costa, teme que estas pessoas passem a integrar a lista extensa de de-sempregados na região e, em particular, no distrito do Porto.
Os sociais-democratas consideram que o distrito vive uma situação de estrangulamento económico e social e apontam para o exemplo de Santo Tirso, com uma taxa de desemprego de 18%. No Norte, a taxa é de 10% e fica acima da média nacional. "Somos a região mais pobre na União Europeia a 15 nações", refere Marco António Costa, realçando que, ao "quadro negativo na indústria", junta-se o da agricultura.
Em causa está a sobrevivência de pequenas explorações agrícolas, que, regra geral, são o meio de subsistência de famílias inteiras que trabalham o campo. "O ministro da Agricultura decidiu transformar os agricultores em desempregados e em filiados no rendimento social de inserção. Todos os mecanismos de apoio à agricultura na região estão atrasados", sustenta. "São 150 mil famílias dependentes das indemnizações compensatórias, que se destinam aos pequenos agricultores que trabalham em zonas deprimidas", acrescenta.
O compromisso governamental era de pagá-las até final do ano passado, o que não sucedeu. Agora, há a promessa de saldar a dívida até ao dia 14. Caso o incumprimento se mantenha, os deputados sociais-democratas na Assembleia da República e a Distrital do PSD visitarão, no dia 20, os "credores do ministro". Marco António Costa afirma que o pagamento foi atrasado porque estas indemnizações saem do Orçamento de Estado. "Não pagando, não entram para a contabilização do défice público nem na execução orçamental de 2007. A vontade de ajudar o ministro das Finanças a controlar o défice não pode ser feito à custa dos pequenos agricultores", adianta. Entretanto, será apresentado um requerimento na Assembleia da República para pedir explicações ao ministro da Agricultura.