in Jornal de Notícias
Já se confrontou com práticas obscurantistas? Não da parte dos médicos. Embora alguns possam, em teoria, ter alguma prática menos correcta. Mas quando um praticante da medicina alternativa diz que trata cancro da mama com ervas, tenho de me opor frontalmente. É erro grosseiro e atentado à saúde pública. Na preocupação que as pessoas têm com a saúde, nem todas acreditam que a Ciência, a medicina halopática tradicional, seja a melhor.
O Serviço Nacional de Saúde está a deixar fugir os melhores médicos para o privado? Em parte, sim. Mas o SNS é um bom serviço e vai manter-se. As reformas são lógicas e esperáveis. Um SNS moderno é multifacetado, com públicos e privado. A médio prazo, parte grande da população terá seguros para ir a prestadores alternativos ao SNS. Vejo isso com bons olhos.
Os serviços estarão ao alcance de todos? Os recursos são limitados. Aparentemente, porque há verbas que deviam ser canalizadas para a Saúde. Mas isso é uma questão política. Há que explicar que a Medicina boa é insuportavelmente cara. E deve-se perceber que uma das condicionantes da saúde é a pobreza. Ser pobre dá doença. A saúde não tem só a ver com o Ministério da Saúde, mas, por exemplo, com o das Finanças.