30.4.08

Banco social da Fraterna ajuda mais de 300 famílias

Joaquim Forte, in Jornal de Notícias

Voluntários têm visto aumentar significativamente o número de cabazes para entregar às famílias carenciadas


"O que me vale são os cabazes da Fraterna. Sem esta ajuda não conseguia sobreviver". O desabafo é de Maria José, 36 anos, desempregada (tal como o marido), com cinco filhos, dos dois aos 15 anos. Um deles sofre de artrite crónica juvenil e está confinado a uma cadeira de rodas. "Vim para casa quando ele ficou paralisado. Precisa de mim junto dele", diz esta moradora num bairro social da freguesia de Fermentões, em Guimarães.

A família de Maria José é uma das 300 do concelho que recebem cabazes do Banco Social da cooperativa municipal Fraterna. Um número que tem vindo a aumentar nos últimos anos. "Estou na Fraterna há quatro anos e nessa altura tínhamos 40 famílias", revela, ao JN, Marina Silvares, daquela cooperativa.

Já não são apenas as famílias afectadas pelo drama do desemprego ou pela doença que recorrem ao Banco Social. Há cada vez mais trabalhadores que não conseguem suportar as despesas mensais com o salário, como alertou, na semana passada, o deputado Capela Dias, na Assembleia Municipal.

"Famílias monoparentais (principalmente mulheres com filhos pequenos), famílias numerosas - com sete, dez filhos -, trabalhadores a recibo verde, de classe média... Temos casos de três pessoas da mesma família que trabalhavam na mesma empresa e que ficaram desempregadas quando esta fechou", desfia Marina Silvares.

Depois há as "vítimas do costume" famílias a braços com as prestações das casas, idosos com reformas baixas e despesas elevadas com medicamentos e os beneficiários do Rendimento Social de Inserção.

De dois em dois meses, a equipa da Fraterna percorre o concelho, levando cabazes a cada uma das famílias referenciadas - no Natal, o número aumenta significativamente. Os pedidos chegam aos serviços através de sinalizações das paróquias, Juntas de Freguesia, Segurança Social ou da própria Câmara. Cada cabaz é composto por alimentos - farinha, arroz, azeite, óleo, leite, papas para crianças -, oferecidos por supermercados, pessoas e pela União Europeia. É feito conforme os elementos do agregado familiar. "Se há crianças, leva mais leite, papas, fraldas", informa Marina.