30.4.08

Biocombustíveis em causa

Leonor Paiva Watson, in Jornal de Notícias

Os biocombustíveis, como alternativa ao petróleo, evidenciam agora efeitos adversos. Especialistas questionam a sua real capacidade para reduzir as emissões de dióxido de carbono, alertam para os efeitos de desflorestação e para a subida de preços dos bens alimentares.

Em Agosto do ano passado, um estudo divulgado pela FAO - organismo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação - e pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico, (OCDE), revelava que a crescente exigência por biocombustíveis já estava a provocar uma alteração no mercado agrícola internacional, com a consequente subida dos preços de alguns alimentos. Os autores do estudo avisavam os consumidores pagarão mais pela carne, produtos lácteos e óleos vegetais. Os países importadores e as camadas mais pobres das populações urbanas terão motivos para estar preocupados.

O estudo alertava ainda para o facto de a procura de cereais, açúcar e óleos vegetais para usar em larga escala na produção de biocombustíveis afectar negativamente o sector agrícola nos próximos dez anos.

Segundo os especialistas, tem-se desflorestado mais para o cultivo de cereiais e oleaginosas e o impacto no ambiente não reside apenas na perda de largas zonas de floresta repletas de biodiversidade, mas, igualmente, numa superior emissão de dióxido de carbono devido às queimadas e ao uso de fertilizantes que contibuem para as emissões de CO2.

O recurso aos biocombustíveis pode ter efeitos muito nefastos nas reservas alimentares do Mundo.

A estatística da crise

100 milhões de pessoas afectadas, em todo o Mundo, pela subida dos preços dos bens alimentares.

30 anos
A reserva de alimentos no Mundo está ao nível mais baixo dos últimos 30 anos devido ao aumento de preços.