Por Patrícia Carvalho, in Jornal Público
As iniciativas a lançar no âmbito do projecto Porto Cidade Solidária devem, contudo, prolongar-se por mais anos. Podem vir a integrar o programa curricular da universidade
A Universidade Católica do Porto (UCP) está apostada em tornar a cidade, ao longo deste ano, num espaço mais solidário. O projecto Porto Cidade Solidária vai estender-se até ao final de 2010 e a coordenadora Isabel Baptista explica que o objectivo é que as iniciativas lançadas ao longo do ano possam prolongar-se no futuro, inclusive ao nível do programa curricular.
Isabel Baptista foi também uma das responsáveis pela elaboração do Diagnóstico Social do Porto (DSP) e revela que, apesar de o projecto da UCP ser anterior à elaboração do estudo pedido pelo município, acabou por sofrer a sua influência. "O projecto da universidade já estava previsto no seu plano estratégico e até ficou à espera de avançar em virtude de o CLASP (Conselho Local de Acção Social do Porto) nos ter pedido este trabalho [o DSP]. Como é natural, todo o capital da dinâmica desenvolvida, de conhecimento da cidade, ajudou a reforçar o nosso projecto, e acaba por se traduzir nele", explica.
Na UCP, o projecto já começou a fazer-se sentir ao nível de diversas iniciativas que atravessam três eixos centrais - Rostos, Tempos e Lugares de Solidariedade; Universidade, Cidade e Comunidade, e Solidariedade, Empreendedorismo e Inovação Social. À Católica, através da rede de mediadores criada no âmbito do DSP, já chegaram pedidos de ajuda. Ainda que o objectivo principal passe por envolver o corpo académico nas questões da solidariedade, Isabel Baptista realça que o projecto só fará sentido se existir uma forte interligação à comunidade. "Queremos evidenciar o capital de solidariedade da própria cidade. Criámos uma Bolha Cidade Solidária, onde recebemos, em permanência, pedidos de apoio e mobilizamos os nossos voluntários", exemplifica.
Durante todo o ano, a UCP vai apostar num conjunto de acções de divulgação de iniciativas ligadas à pobreza e à solidariedade e dar continuidade ao fórum mensal Cidade Solidária.
Formar os voluntários
Vai também desenvolver programas de formação ligados ao voluntariado, uma das áreas em que a UCP é mais solicitada. "Há muitos voluntários na cidade, mas tem que haver formação." Sobre a cidade que descobriu com a construção do DSP, Isabel Baptista prefere realçar os pontos positivos. Diz que o diagnóstico traduz "um retrato positivo do Porto, no sentido de alertar para a dinâmica urbana da cidade". Ou seja, um Porto que não pode ser entendido apenas nos seus vectores puramente estatísticos, limitados aos dados dos seus residentes, mas que inclui as pessoas que, não vivendo cá, para aqui se deslocam para trabalhar ou se divertir e que sentem a cidade como sua. "Foi a partir desta referência de cidade que identificámos as forças mais positivas. Colocámos, lado a lado, os sinais de alerta e as oportunidades, porque acreditamos que só conjugando as duas coisas será possível responder às questões de vulnerabilidade do Porto", diz.
O DSP foi aprovado, "por unanimidade e aclamação", pelo CLASP, a 18 de Março. Cabe ao CLASP decidir como e se vai implementar as diversas recomendações feitas pela UCP ao longo do documento.