28.4.07

Geógrafo Rio Fernandes critica desequilíbrio a favor das zonas mais ricas

in Jornal Público

"Há autarcas a puxar para cada lado, e as obras decorrem de arranjos conjunturais", acusou Rio Fernandes


a A pergunta de partida era Linha da Boavista: sim ou não?. Mas nenhum dos convidados para o debate organizado anteontem à noite pelo Bloco de Esquerda - que atraiu duas dezenas de pessoas a um hotel da zona da Boavista, precisamente - era favorável ao projecto. Manuel Correia Fernandes, da Faculdade de Arquitectura, e Rio Fernandes, geógrafo e docente da Faculdade de Letras, voltaram a desfiar argumentos contra aquela linha, alargando as críticas ao modo como tem sido pensada a rede de metropolitano da região.

Assumindo, ao longo da sua intervenção, duas outras facetas da sua identidade, a de gondomarense e a de militante do PS, o geógrafo partilhou com Correia Fernandes a denúncia da "falta de argumentos técnicos, financeiros e urbanísticos" para a realização daquela obra, e vê nela a continuação de uma tendência - também vislumbrada pelo arquitecto: o desenvolvimento da rede decorrente de arranjos políticos conjunturais. Como resultado, notou, o metro anda no Porto, chega a Matosinhos, à Maia, a Gaia e até à Póvoa de Varzim, mas não a Gondomar ou a Valongo. "É uma desigualdade que favorece as áreas mais ricas, para onde também foi o programa Polis", vincou Rio Fernandes, para quem a correcção deste erro implica deixar para plano secundário uma expansão para ocidente.