19.4.07

Pobreza e desemprego justificam greve geral em Maio

J.B.A., in Jornal Público

Foi com euforia e fortes aplausos que as centenas de dirigentes, delegados e activistas sindicais da CGTP que lotaram a Voz do Operário, em Lisboa, acolheram ontem o anúncio da greve geral marcada para 30 de Maio. O secretário-geral, Carvalho da Silva, justificou o protesto, o quinto do género desde 1982, com a situação de "depressão" do país.

Os dados coligidos pela CGTP e ontem anunciados no plenário referem que um quarto da população nacional vive na pobreza e que, desse número, cerca de um terço das pessoas são trabalhadores no activo. Para Carvalho da Silva, esta é uma das consequências do "agravamento contínuo da precariedade do trabalho, tanto no sector público como no privado". Falando de "redução de salários e aumento do desemprego", o dirigente sindical alertou para o fenómeno crescente da imigração portuguesa. "Há cada vez mais gente, e sobretudo jovens, a saírem do país, para irem trabalhar, para Espanha, por exemplo, sob condições que nenhum outro povo da União Europeia aceita". O sindicalista, falando sobre a distribuição da riqueza, disse que quatro empresas nacionais foram responsáveis, num só ano, por 14,4 por cento dos lucros gerados, 5,3 mil milhões de euros (mais de 10 mil euros por minuto).

"Políticas sociais violentas" foi como designou o que se passa na saúde e a justiça. Disse que o Governo está a destruir o Serviço Nacional de Saúde, criando condições para a privatização. "A saúde está a transformar-se num negócio", acusou.