7.5.07

Escolas equestres com fins sociais

JF, in Jornal de Notícias

A crise que afectou a indústria do Vale do Ave reflecte-se nos cavalos. "É uma fase má, consequência da conjuntura económica pouco favorável", concorda Pedro Mota, do Centro Hípico de Joane. A funcionar desde 1997, não passa ao lado da crise, mas tem conseguido aguentar-se. "Funciona em pleno", garante Pedro Mota, lembrando o próximo concurso de saltos, de 8 a 10 de Junho. "Já temos 260 inscrições e só podemos aceitar 190 conjuntos".

Tem escola, orientada por António Carneiro, bicampeão nacional de saltos de obstáculos, com 60 alunos de todas as classes sociais, com preços acessíveis. "É como ir à piscina ou ao ginásio". Manter os cavalos é que é outra conversa. "A maior parte pertence a pessoas de fora, com dinheiro. Dois são de um espanhol; outros de residentes em Cascais, outros do grupo Melo. Quando precisam dos cavalos, para provas ou simples passeios, somos nós que os levamos".

Três vezes por semana, o Centro Hípico de Joane recebe crianças portadoras de deficiência para sessões de hipoterapia. Os alunos são da Ave, Cooperativa de Intervenção Psicossocial. Montar a cavalo oferece benefícios devido à transmissão contínua de movimentos do animal ao cavaleiro, sendo conhecidos vários casos de progressos.

No Centro Equestre de Guimarães é o próprio presidente quem, ao fim-de-semana, faz as vezes de instrutor, iniciando as crianças, poucas, que ali chegam. "Não é um desporto elitista. Cada aula custa 5 euros". O centro tem um direito de superfície por 50 anos e potencialidades de relevo. Um projecto para construção de um picadeiro coberto, um centro de estágio hípico, bungalows para turistas - tirando partido da sua localização perto da Penha, da pousada da Costa e da cidade e até da Capital Europeia da Cultura, em 2012.

Em Guimarães, as sessões são em menor número. Também aqui se sente a crise que flagela a instituição. "Recebemos muitas crianças da Santa Casa da Misericórdia. Elas gostam e saem daqui felizes, mas, sem picadeiro é impossível estar aqui no tempo mais frio", informa José Fernandes. "O contacto com os cavalos faz bem à saúde. Eu sou fumador e quando estou cá, com este oxigénio todo da Penha, não pego num cigarro", garante.