5.9.07

Famílias partilham casas degradadas com ratos

João Queiroz, in Jornal de Notícias

Moradores da "ilha" da Rua de General Torres dizem que estão à espera de uma solução desde 2003


São oito casas, nove pessoas e muitos bichos por contar. Entram por todo o lado sem pedir licença, e fazem da "ilha" número 219 da rua General Torres, bem no centro de Vila Nova de Gaia, um antro de miséria agravado pela degradação das habitações que já vão dando sinais de querer ruir. A Câmara assegura que os inquilinos serão realojados até ao final do ano.

"É horrível", dizem os moradores, revoltados com a recusa do senhorio em recuperar as casas sem as mínimas condições. Centopeias, baratas, ratos, ratazanas e aranhas já moram ali há anos. "Sentimos os gatos a andar pelo tecto e os ratos entram por todo o lado, roem as janelas e o chão", descreve Maria da Conceição, há cinco anos a viver naquela ilha. "E as crianças não podem brincar cá fora, porque os ratos misturam-se com os brinquedos", completa outra inquilina, Cátia Andrade.

Aos animais, junta-se a humidade que corrói paredes, janelas e v ai desfazendo o telhado. "A minha casa está em risco de ruir", conta, indignado, o morador Manuel Augusto,

O senhorio, dizem, recusa-se a dialogar com os moradores e a fazer obras. "Nunca mudou uma telha", garante Rosa Soares, a viver ali há mais de 40 anos. O caso foi comunicado à Gaia Social em 2003, mas o problema nunca foi resolvido."Dizem que há pessoas com mais necessidades do que nós e que se quisermos que mudemos para outras casas", revela Maria da Conceição.

O vice-presidente da Autarquia, Marco António Costa, diz que a situação já está a ser analisada por uma comissão e que haverá uma solução até ao final do ano "Ou o senhorio realoja as pessoas e paga as indeminizações ou a Câmara expropria o terreno e resolve a situação", garante o autarca, sublinhando que os moradores serão sempre realojados.