5.9.07

Cavaco pressiona Europa para fechar o "Tratado de Lisboa"

Célia Marques Azevedo, em Estrasburgo, in Jornal de Notícias

Cavaco voltou ao Parlamento Europeu, agora como presidente português, em diplomacia paralela


O Presidente da República disse ontem no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, França, que Portugal está a fazer tudo o que está ao "seu alcance", para conseguir a "convergência política necessária para que o tratado reformador seja uma realidade" e haja "Tratado de Lisboa" e pediu um acordo para Outubro.

Durante uma conferência de imprensa com jornalistas europeus, Cavaco Silva alertou para a necessidade de resolver as "questões institucionais" relativas ao novo tratado, para que a União Europeia se possa dedicar aos temas que "realmente importam" aos europeus - que segundo o presidente são o crescimento económico, o desemprego, a segurança e a globalização - e reposicionar-se na cena internacional.

Apesar de os trabalhos jurídicos sobre o texto do tratado estarem a correr com normalidade, o ministros dos Negócios Estrangeiros que acompanhava o presidente da República, admitia que a situação política interna da Polónia poderá "criar alguns problemas designadamente ao calendário" que a presidência portuguesa propôs para a resolução do "impasse político" e criar condições para fazer face a "situações muito difíceis", explicou Luís Amado.

Para já, sabe-se apenas que a UE vai fazer sexta-feira, em Viana do Castelo, a primeira avaliação política conjunta sobre o novo tratado - que substituirá a fracassada Constituição europeia - e uma primeira análise política das negociações técnicas em torno da sua redacção.

Outro problema delicado é a realização da cimeira UE/África, onde Cavaco pediu "imaginação para ultrapassar dificuldades". O presidente português lembrou que, numa cimeira com a ASEAN, a Birmânia se fez representar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros em vez de pelo Chefe de Estado, contornando-se assim o boicote internacional ao país. O mesmo se passa com o Zimbabué, pelo que a sugestão de Cavaco é que Mugabe se faça representar, para que o Reino Unido aceite participar. A sugestão foi repetida, horas depois, pela própria Comissão.

Elogio a Barroso

Durante a manhã de ontem, na sua primeira deslocação como presidente às instituições europeias, Cavaco Silva reservou ainda parte da intervenção no PE para falar da reforma do modelo social europeu, como forma de fazer frente aos desafios que a União Europeia enfrenta, como é o caso do envelhecimento da população. O antigo primeiro-ministro sugeriu outro caminho "Facilitar a participação no mercado de trabalho, responsabilizar e dignificar o contributo de cada um na produção de riqueza" para garantir o futuro.

A finalizar, deixou um elogio ao trabalho realizado nesta área pelo executivo de Durão Barroso, na Comissão Europeia.