Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas, in Jornal Público
Uma visão tipicamente portuguesa da integração europeia, assente sobretudo no conceito de solidariedade, na estratégia de Lisboa e na cimeira euro-africana, foi ontem exposta pelo Presidente da República, Cavaco Silva, durante um discurso no Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
Convidado pelo presidente da instituição, o alemão Hans-Gert Poettering, para assinalar solenemente a actual presidência portuguesa da UE, Cavaco enfatizou sobretudo o tema que foi a trave mestra da política europeia dos seus governos ao longo de dez anos: a solidariedade - anteriormente conhecida por "coesão económica e social" -, que se traduz nas ajudas comunitárias às regiões mais desfavorcidas.
Considerando "o momento oportuno para sublinhar o valor da solidariedade como pilar fundamental da integração europeia", o Presidente atribuiu uma atenção muito particular ao combate à pobreza e à exclusão scoial, um dos domínios em que Portugal apresenta alguns dos piores indicadores de toda a UE. Referindo-se à questão como "um objectivo europeu", Cavaco defendeu a necessidade de encontrar novas soluções "flexíveis e inovadoras" para "problemas cada vez mais complexos e persistentes". Que passam, defendeu, pela renovação do modelo social europeu, maior responsabilização e solidariedade dos cidadãos e reforço da educação e formação ao longo da vida.
Pelo caminho, o chefe de Estado tocou em todos os temas com alguma relação com Portugal, defendendo a importância da Estratégia de Lisboa para o reforço da competitividade da economia europeia, apelando "à convergência de esforços para que o novo Tratado [europeu] possa ser concluído durante a presidência portuguesa" da UE até ao fim do ano, e insistindo na realização da cimeira euro-africana em Dezembro, em Lisboa.
Isto, sem se esquecer de exprimir "o apreço pela visão estratégica e pela determinação de que vem dando exemplo a Comissão Europeia e o seu presidente", Durão Barroso, no desenvolvimento das políticas europeias de energia e ambiente.