9.4.08

Comida Subida do preço dos cereais causa instabilidade nos países mais pobres

in Jornal Público

Há décadas que o Egipto subsidia o pão, para garantir que os pobres o possam comprar. Essa estratégia de apoio ao pão na mesa dos mais pobres permite que milhares de pessoas sobrevivam com salários baixos e vai abafando o descontentamento social. Mas com a subida dos preços da comida a nível mundial - causada pelo aumento da procura dos cereais, quer para a alimentação de homens e animais, quer para produzir biocombustíveis, a procura pelo pão barato subiu ainda mais, porque as pessoas não têm dinheiro para comprar outros alimentos. Isto gerou distúrbios e um crescente mercado negro da farinha de trigo. Mas isto não acontece só no Egipto. No Haiti, os protestos devido ao aumento dos preços geraram ontem o caos, na capital, Port au Prince, com barricadas de objectos incendiados e os manifestantes a atirarem pedras à polícia. Na última semana, morreram já cinco pessoas, nestes protestos contra o aumento dos preços no país mais pobre das Américas. Estas situações ameaçam tornar-se cada vez mais comuns, alertou o Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas. Já houve em vários países episódios de protestos violentos contra o aumento dos preços dos produtos básicos, como no Burkina Faso, Camarões, Indonésia, Costa do Marfim, Moçambique e Senegal, além do Egipto e do Haiti. E os problemas não se resumem ao trigo e ao milho. O preço do arroz, um alimento básico para milhões de pessoas, disparou nas últimas duas semanas.

O arroz branco tailandês pode chegar a mais de 1000 dólares a tonelada nos próximos três meses (na sexta-feira, subiu para 850 dólares; uma semana antes se ficava pelos 760). "Não há indícios de que esta tendência de alta se inverta a curto prazo. E o mais terrível é que muitos países africanos pensaram que os preços não se iam manter altos e começaram a vender as suas reservas", disse ao jornal britânico The Independent Richard Feltes, da empresa correctora MF Global, de Chicago.

O Governo de Raul Castro iniciou mais uma reforma, desta feita ao sistema de saúde de Cuba. Em resposta às muitas queixas da população, o Presidente cubano está a reorganizar o programa dos médicos de família, um dos pilares do seu sistema de saúde universal. Este programa carece de mão-de-obra desde que o Governo de Fidel Castro enviou milhares de médicos para a Venezuela, em 2000. Os consultórios vão agora ter um médico e uma enfermeira durante todo o dia, em vez de apenas de manhã. Cada médico de família irá atender, assim, três vezes mais cidadãos, entre 1500 e 2000.

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, disse ontem que os receios de Moscovo quanto ao escudo antimíssil norte-americano só diminuirão, se oficiais russos tiverem acesso permanente às instalações daquele dispositivo na Polónia e na República Checa. Os Estados Unidos tencionam instalar uma bateria de mísseis antimíssil na Polónia e um radar de detecção na República Checa. Os norte-americanos aceitam que o sistema seja monitorizado por oficiais russos colocados nas respectivas embaixadas e Praga não aceita oficiais russos em permanência no seu território.

As eleições autárquicas no Egipto decorreram ontem na ausência do principal partido da oposição, a Irmandade Muçulmana, cujos candidatos foram impedidos de participar. O Partido Nacional Democrático, no poder, apresentou 52 mil candidatos contra apenas mil dos partidos oposicionistas autorizados. "À partida, o Governo conquistou dois terços dos lugares por falta de concorrência", notou a Organização Egípcia dos Direitos Humanos. As eleições decorreram num clima de forte tensão social e um jovem de 15 anos foi morto pela polícia numa zona industrial a 120 quilómetros do Cairo.

O Governo grego abriu o debate sobre o casamento homossexual, ao propor o reconhecimento das uniões de facto. O ministro da Justiça, Costsis Hadzidakis, apresentou uma proposta para rever o direito familiar, e logo as associações de defesa dos direitos dos homossexuais - e a seguir, a Igreja Ortodoxa - perguntaram se o reconhecimento das uniões de facto não se poderia estender aos casais homossexuais. O debate está a lavrar na sociedade grega, com a opinião pública dividida: 48,3 por cento dos cidadãos está contra a legalização das uniões gay, enquanto 45,1 por cento é a favor.

Os príncipes William e Harry de Inglaterra agradeceram ao júri o "método meticuloso" com o qual consideraram as provas no inquérito que classificou as mortes da sua mãe, a princesa Diana, e de Dodi Al-Fayed como um homicídio por negligência. Numa declaração emitida pela Clarence House (a residência do príncipe de Gales), os irmãos afirmam que "concordam com o veredicto dos jurados e lhes estão gratos". Os príncipes agradeceram ainda ao médico legista, Scott Baker, pela "constante cortesia" e a Trevor Rees, o guarda-costas e único sobrevivente, que testemunhou.

Poderá a secretária de Estado Condoleezza Rice ser a vice-presidente do republicano John McCain? Os meios políticos dos EUA estão a fervilhar com essa especulação, embora a própria Rice tenha tentado afastar essa possibilidade - ainda que sem fechar completamente a porta, diz a AFP. "Deixem-me dizer-vos que o senador John McCain é um americano extraordinário, um líder de homens excepcional e, evidentemente, um grande patriota. Mas vou voltar a Standford [à universidade, onde lecciona Ciência Política]. Volto à Califórnia."