Célia Marques de Azevedo, na Eslovénia, in Jornal de Notícias
Ministros das Finanças com preocupações comuns, mas leituras diferentes do que se poderá seguir
Os principais chefes das finanças europeias dizem que a crise do mercado norte-americano está já a contagiar a Europa e que é necessário tomar precauções. E o governador do Banco de Portugal já avisou que vai rever em baixa, em Junho, as previsões de crescimento económico. Ainda assim, o ministro das Finanças português, Teixeira dos Santos, diz que vai aguardar pelos indicadores da actividade económica do país para "avaliar a situação e tirar as ilações necessárias".
Na Eslovénia, durante os dois dias de reunião dos ministros das Finanças dos 27 países da União Europeia, os avisos foram muitos e de diversas proveniências. O comissário europeu Joaquin Almunia disse que as previsões da Primavera, a divulgar ainda este mês, deverão reflectir a subida da taxa de inflação anual registada em Março, para 3,5% na Zona Euro.
A participar no mesmo encontro, Teixeira dos Santos repetiu que Portugal está atento e "a acompanhar os desenvolvimentos da economia internacional". Mas, no que respeita à economia portuguesa, o governante diz ainda não dispor de indicadores "suficientes" e "relevantes", já que segundo o próprio são eles que "evidenciam o real estado da economia portuguesa e da sua produção e não o estado de espírito dos agentes económicos". Teixeira dos Santos não corrobora, portanto, qualquer posição de que a instabilidade financeira internacional possa contagiar a economia portuguesa.
Europa protege-se
Apesar de repetirem que os fundamentos da economia europeia estão robustos e que, por isso, a crise norte-americana não contaminou fatalmente a economia, os 27 ministros assinaram um acordo de protecção contra crises bancárias transfronteiriças. Um compromisso sobre a cooperação voluntária entre autoridades supervisoras nacionais, bancos centrais e ministérios das finanças.
Uma instituição financeira que corra o risco de entrar em processo de falência será colocada sob observação de um "colégio de supervisão transfronteiriço" composto por representantes dos países onde as suas sucursais estão instaladas, a fim de melhor coordenar as medidas de salvamento e incutir transparência nos mercados.