31.8.10

Expulsão de ciganos vai aquecer plenários

Alexandra Marques, in Jornal de Notícias

Os acordos bilaterais de repatriamento e a crise financeira são temas centrais para as duas sessões de Estrasburgo que se realizam este mês.

“É natural que a rentrée do Parlamento Europeu (PE)” - que hoje, terça-feira, reinicia os trabalhos - “seja marcada pelo caso dos romenos e búlgaros repatriados e, lamentavelmente, pelas catástrofes naturais, como incêndios e inundações”, disse Edite Estrela, do PS, do Partido Socialista Europeu (PSE).

Com PSD e CDS-PP juntos no PPE (Partido Popular Europeu), Nuno Melo, que integra a Comissão de Imigração, refere que a questão “irá fervilhar”. Embora resulte “de um acordo negociado entre o Estado francês e uma comunidade com base numa retribuição, nada impede que esses cidadãos voltem a França, se o quiserem”, refere o centrista.

Para Marisa Matias tratou-se de “uma operação mediática” com 700 romenos “porque, só em 2010, Paris repatriou mais de oito mil romenos ciganos para a Bulgária e a Roménia. E Berlim fez um acordo com o Kosovo para que recebesse 12 mil ciganos”.

“Mostra bem a hipocrisia de uma União Europeia que defende a liberdade de circulação, mas que afinal é apenas para as mercadorias e os capitais e essa será uma denúncia que continuaremos a fazer ”, afiança Ilda Figueiredo, do PCP, que com o BE integra o Grupo da Esquerda Unitária.

Para Mário David, do PSD, só há um tema central: a crise e o modo cabendo no de cujo combate Bruxelas tem de tomar as rédeas e apresentar medidas. “Se os diferentes Governos não as sabem implantar ou não têm coragem política, talvez uma directiva comunitária os possa obrigar, porque não se ultrapassa a crise, pensando que se aumentam as receitas com o aumento de impostos”.

Marisa Matias elege como prioritário o combate ao desemprego que passou “entre 2007 e 2010, de 7% a 10%: mais oito milhões de desempregados, sendo já 25 milhões”.