6.8.10

Não são super-mulheres mas ajudam muita gente

Leonor Paiva Watson, in Jornal de Notícias

O programa de serviço comunitário da Universidade Católica do Porto é já uma batalha ganha. Ao fim de seis anos, o nível de empregabilidade para os alunos que participaram no programa é elevado. E são cada vez mais as instituições que aderem à iniciativa.

Lília, Filipa e Sofia são três das muitas voluntárias que todos os anos se inscrevem neste programa, para darem algum do seu tempo a instituições de solidariedade.

"É um programa que as ensina a gerir o próprio tempo, a perceberem as suas limitações, a ouvir os outros, desenvolvendo valores como a solidariedade, a responsabilidade social, a noção de compromisso, sendo também um primeiro contacto com aquilo que será a suas vidas profissionais", avançou Luísa Trigo, docente e responsável deste programa, pensado há seis anos, para o curso de Psicologia.

Lília, Filipa e Sofia concordam. "Aprende-se, sobretudo, a adequar expectativas", começou Filipa Barradas, 22 anos, aluna de Psicologia. "Quando cheguei à unidade habitacional de Santo António, do SEF, onde estavam detidos imigrantes ilegais, tinha uma grande plano de actividades e cedo percebi que era mais importante para eles que apenas conversássemos. Quis aproveitar aquelas pessoas ao máximo", asseverou.

"Não se trata de dar muito porque percebemos que não vamos ser super-mulheres, trata-se de pequenos passos, pequenos objectivos", garante Sofia Mexia Alves. "Claro que há momentos de frustração, mas recebemos sempre muito", rematou Lília Dias.
Pequenos gestos, pequenos objectivos. "Pode ser tão simples como ler o jornal a um idoso, ou mudar uma fralda", diz Luísa Trigo.

Uma iniciativa que contabiliza seis anos e que coopera, em média, com 30 instituições por ano. "No início, as instituições tinham medo. Neste momento, são as instituições que nos telefonam", conta Luísa Trigo, acrescentando que "a equipa de alunos voluntários é acompanhado por docentes, faz formação e, no final, tem que apresentar um relatório".

A experiência, garantem, é boa para todos: "Para o aluno porque tem contacto com a realidade, e a experiência diz-nos que arranja emprego mais facilmente; para as instituições, para os seus utentes". Trata-se de "contribuir para o imenso potencial deste país", rematou Filipa.