3.8.10

Obras perdem 140 mil trabalhadores

in Jornal de Notícias

Atrasos no pagamento do Estado apontados como principal entreve à actividade da construção


Em oito anos, desde 2002, a construção perdeu "mais de 140 mil postos de trabalho". Federação anuncia que as autarquias aumentaram o atraso nos pagamentos para sete meses, acumulando uma dívida de 830 milhões de euros ao sector.

As empresas de obras públicas dizem que as autarquias e as empresas municipais lhes demoram a pagar as facturas, em média, sete meses (208 dias), mais 14 dias em relação ao último inquérito publicado pela Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP).

Em média, a generalidade das autarquias ultrapassa em cinco meses o prazo máximo legal para o pagamento das obras públicas, que é de dois meses, como recorda a Federação no inquérito sobre o assunto ontem divulgado.

Os resultados do estudo mostram, ainda, que uma em cada três autarquias liquida as dívidas num prazo superior a meio ano, o que vem agravar, segundo a FEPICOP, as dificuldades de tesouraria das empresas, elas próprias com restrições ao crédito.

A Federação estima que as autarquias e empresas municipais acumulem uma dívida de 830 milhões de euros às construtoras, tendo por base os prazos de recebimento e o valor adjudicado.

Empregos em risco

Como consequência, o mesmo organismo assinala que, em oito anos, desde 2002, o sector não só perdeu 140 mil postos de trabalho como acumulou uma perda de 31% da produção.

E conclui, lamentando, que as diversas iniciativas do Governo e da Assembleia da República não tenham "surtido os efeitos desejados no sentido da redução dos níveis de incumprimento por parte das entidades públicas e dos respectivo impacto sobre a situação financeira das empresas, colocando em risco os postos de trabalho que asseguram".