31.8.10

Os sectores da economia onde a crise já não mora

por João Cristóvão Baptista, in Diário de Notícias

As exportações aumentaram, indústria e construção têm mais encomendas.

O crescimento homólogo de 1,4% do PIB no segundo trimestre de 2010 reforçou o optimismo do Governo em relação à retoma da economia nacional no resto do ano. Aquando da apresentação dos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados no dia 13, José Sócrates disse que o crescimento registado do PIB era uma "boa notícia", já que representa "o dobro daquele que estava nas estimativas que o Governo previu para o primeiro semestre".

Apesar de muitos outros indicadores mostrarem que a economia portuguesa ainda está longe de estar em forma (ver caixa), a verdade é que nos primeiros meses do ano foram vários os sectores que já registaram crescimento e que sustentam a visão optimista do Executivo socialista.

O crescimento das exportações, que aumentaram 15,08% no primeiro semestre, é um dos indicadores utilizados pelos membros do Governo para garantir aos portugueses que, ao contrário do que tem sido afirmado pela oposição, a economia nacional não está estagnada. Segundo o INE, só entre os meses de Março e Maio, Portugal exportou bens no valor de 9,2 mil milhões de euros, um valor que representa um aumento de 18,4% face aos dados do mesmo período de 2009.

Influenciado pelo crescimento das exportações, o sector da indústria é um dos que maiores sinais de recuperação deu nos últimos tempos, com principal des-taque para a subida no nível de encomendas. Em Junho, as encomendas recebidas pelo sector aumentaram 9,9%, quando comparadas com os dados homólogos.

Já na construção, em que as encomendas cresceram 22,1% no segundo trimestre do ano, em termos homólogos, um número que foi "influenciado pelo crescimento da componente pública do segmento de construção de edifícios relativa a edifícios escolares", refere o mais recente estudo do INE. O aumento das encomendas na construção é um dado muito positivo para o sector, que tem sido particularmente afectado pelo desemprego, pela quebra nas adjudicações e pela contenção orçamental.

Sinal positivo também para o desempenho das empresas que compõem o PSI--20 e cujos lucros aumentaram 20,1% no primeiro semestre do ano. Ao todo, as cotadas no principal índice da bolsa portuguesa ganharam 2,1 mil milhões de euros, mais 427 milhões do que em igual período do ano passado.

Ainda no sector empresarial, mas já numa perspectiva global, os números são igualmente animadores: as previsões do INE apontam para um crescimento de 5,6% no investimento das empresas nacionais até ao fim do ano, ao mesmo tempo que, no mês de Junho, o volume de negócios nos serviços aumentou 7,2% face ao mesmo mês do ano passado.

Em franco crescimento está o negócio da venda de carros, que aumentou 57,7% nos primeiros seis meses do ano - a maior subida registada na União Europeia. Ao todo, entre Janeiro e Junho foram matriculados um total de 115 mil automóveis novos, contra os 73 mil registados em igual período do ano passado.

Só na hotelaria as receitas mantiveram-se praticamente inalteradas no primeiro semestre de 2010, com um tímido crescimento de 0,3%.