4.9.15

“Se deixarmos entrar todos, será o fim da Europa”, diz Orbán

Clara Barata ,Margarida Gomes ,Maria João Guimarães ,Ricardo Garcia, In Público

“Se deixarmos entrar todos, será o fim da Europa”, diz Orbán A Europa “está cheia de medo, porque vê que os seus líderes não são capazes de controlar a situação”, foi dizer o primeiro-ministro húngaro a Bruxelas, pretendendo demonstrar que, no seu país, a vaga de refugiados que bate às portas da União Europeia, em busca de um porto seguro quando os seus países e as suas vidas foram desfeitos pela guerra, está sob controlo. Quase à mesma hora, perto de Budapeste, a polícia de intervenção tentou obrigar refugiados a sair do primeiro comboio que partiu em dois dias da estação Keleti, na capital húngara, para os encerrar em campos.

Imigrantes desesperados atiraram-se à linha férrea e bateram-se corpo a corpo com polícias húngaros na estação de Bickse, a cerca de 35 km de Budapeste. Viram-se cenas de desespero, pais e mães com bebés de poucos meses a deitarem-se na linha, recusando-se a entrar nos autocarros e carros de polícia que os esperavam. Gritavam “no camp” e “SOS”, relata a AFP. Após um momento de indecisão, as autoridades declararam a estação “zona de operação policial” e mandaram os jornalistas afastarem-se.

Tinham passado dias na estação de Keleti, à espera de um comboio que os levasse até à Áustria ou à Alemanha o destino mais desejado. Quando um comboio de seis carruagens partiu finalmente esta manhã, julgaram que ia para lá, e houve cenas de caos, com pessoas a lutar para conseguir um lugar a bordo.

Já em Bickse, o comboio continuou parado na linha durante todo o dia, com pessoas lá dentro, sob um sol arrasador, com muitas crianças. Empunhavam cartazes a dizer “Germany”, em inglês. Há notícia de que Hungria encheu um comboio com refugiados que queriam ir para a Alemanha, mas fê-lo parar junto a um campo, para os obrigar a registarem-se, numa alegada resposta à Alemanha Clara Barata Juncker propõe redistribuição de mais 120 mil refugiados pela UE A Comissão Europeia vai pedir aos Estados-membros maior solidariedade no acolhimento dos refugiados que estão a chegar às fronteiras da UE, defendendo que o número de pessoas a redistribuir aumente dos 40 mil propostos no Verão para um total de 160 mil.
A nova meta faz parte de um plano que o presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, vai apresentar quarta-feira ao Parlamento de Estrasburgo para responder ao agravamento da crise migratória e aliviar os países de chegada. Uma das novidades em relação ao plano inicial é a inclusão dos refugiados que chegam à Hungria onde milhares aguardam por uma oportunidade para chegar à Alemanha na lista dos que precisam de ser realojados (em Julho falava-se apenas dos que estão na Itália e Grécia). Uma mudança destinada a suavizar a oposição de vários países, sobretudo de Leste, às propostas de redistribuição.

Juncker insiste também na criação de um mecanismo permanente para redistribuir automaticamente os refugiados, a fim de evitar o constante debate sobre a divisão de esforços perante situações de emergência. Uma ideia apoiada por França e Alemanha, que anunciaram, nesta quinta-feira, ter decidido apresentar em Bruxelas uma proposta conjunta para que sejam adoptadas “quotas obrigatórias na UE para a partilha de responsabilidades”. “Ao mesmo tempo que dizemos que a Itália e a Grécia não podem lidar sozinhas com esta tarefa, também dizemos que não podem ser só a Suécia, a Áustria e a Alemanha a assumir a fatia de leão” do acolhimento, defendeu a chanceler alemã, Angela Merkel.
A Comissão Europeia pretende também entregar aos Estados uma lista de países considerados seguros, o que na prática visa acelerar a recusa de pedidos de asilo aos que daí chegam, e que incluirá, entre outros, os Estados candidatos à adesão à UE. Igualmente prevista está a criação de um a Hungria está a reforçar as instalações dos três campos de refugiados de que já dispunha em Bicske, Vámosszabadi e Debrecen.
“É um problema alemão” Embora estas imagens evoquem os tempos da Europa sob o jugo nazi, o primeiro-ministro Victor Orbán, que passou o dia em encontros com líderes europeus, explicou que está apenas a seguir as regras. “Nenhum deles quer ficar na Hungria, na Eslováquia, na Polónia ou na Estónia. Todos querem ir para a Alemanha. A nossa obrigação é registá-los. Se a chanceler alemã insiste que ninguém pode deixar a Hungria sem se se registar, então registamo-los”, afirmou.

Segundo as regras europeias em vigor, quem quiser pedir asilo num país da UE terá de o fazer no primeiro país a que chega. Mas a Alemanha anunciou que iria suspender temporariamente esta regra para os sírios em fuga através da Grécia, Balcãs e Hungria, e que acolheria mesmo os que tivessem sido registados noutro país. Esta posição alemã, na visão do muito conservador Orbán, agravou a questão dos refugiados. “Este não é um problema europeu. É um problema alemão”, sublinhou.

O mais importante na cabeça do primeiro-ministro húngaro é garantir que o seu país desempenha com brio a função de defensor das fronteiras da UE. “Se deixarmos entrar toda a gente, será o fi m da Europa. Temos de tornar claro a estas pessoas que não vale a pena iniciarem a viagem, ou pagarem a trafi cantes, porque não poderão passar na Hungria.” Instado a comentar qual a diferença entre a cortina de ferro dos tempos da União Soviética e a vedação que a Hungria está a construir na fronteira com a Sérvia, ao longo de 175 km, Orbán teve uma frase lapidar: “A primeira era contra nós, esta é a nosso favor”.

A Hungria é um dos quatro países da Europa Central que reúnem esta sexta-feira, em Praga, para discutir a questão dos refugiados, juntando-se à República Checa, à Polónia e à Eslováquia países muito cépticos quanto a receberem estas pessoas e que não hesitam em sublinhar que grande parte dessa rejeição se deve a serem de religião muçulmana.

Espera-se que tomem uma posição comum sobre o novo sistema de quotas proposto pela Comissão Europeia para distribuir refugiados pelos Vinte e Oito e, a julgar pela reacção de Orbán, adivinha-se forte resistência. O menino que morreu afogado depois de o seu barco naufragar entre a Turquia e a ilha grega de Kos tornou-se símbolo de muitas mortes invisíveis e anónimas, de um fl uxo de pessoas desesperadas por chegar à segurança de um país em paz.

Ontem, para além da imagem publicada em jornais e partilhada nas redes sociais, revelou-se parte da história do menino e da sua família curda da Síria. Soube-se o seu nome, Aylan, a sua idade, três anos, que tinha um irmão, Galip, de cinco anos, e que a mãe se chamava Rehana, de 35 anos. Soube-se que os três morreram ao tentar chegar à Grécia.

Sobreviveu o pai, Abdullah Kurdi, que pagou 4000 euros pela viagem num barco de borracha de cinco metros onde iam pelo menos 12 pessoas, segundo a jornalista da emissora AlAan, do Dubai, Jenan Moussa.

Uma hora depois de sair da costa turca perto de Kos, a viagem começou a tornar-se problemática. O turco que levava o barco desapareceu rapidamente. Outra hora passou e o barco acabou por afundar.

Abdullah terá tentado agarrar-se ao barco, e ao mesmo tempo segurar a mulher e dois fi lhos, mas, um após outro, todos foram levados pelas ondas. A única coisa de que o pai fala agora é levar a família de regresso à Síria para a poder enterrar em Kobane, de onde desesperadamente fugiu. A família saiu de Damasco em 2012 e depois mudou-se para Kobane, tendo fugido daí para a Turquia, quando a cidade foi tomada pelos jihadistas do grupo Estado Islâmico.

Uma irmã de Abdullah vive em Vancouver há mais de 20 anos e contou a um jornalista do diário canadiano National Post que soube do sucedido por um telefonema de uma cunhada. Abdullah tinha ligado com a terrível notícia.
Teema contou ainda ao jornalista que tentava que a família conseguisse asilo no Canadá através de um procedimento chamado G5, em que cinco cidadãos canadianos podem apoiar Família do menino afogado queria chegar ao Canadá uma candidatura desde que dêem aos refugiados apoio emocional e financeiro. Ela conseguiu que amigos e vizinhos se juntassem para isto.
Mas, para que este pedido seja aceite, os candidatos têm de ser formalmente considerados refugiados pela ONU ou por um outro estado. O problema da família Kurdi é que na Turquia não conseguiram documentos para sair nem registo como refugiados o que não é raro acontecer com curdos na Turquia.

Em Junho, o pedido da família foi recusado pelas autoridades do Canadá, devido às complexidades do processo na Turquia, segundo o National Post, ou porque as autoridades consideram que os refugiados que estão neste país estão em segurança, segundo a Al-Aan.
Foi depois disso que consideraram outras alternativas para sair da Turquia, e segundo a Al-Aan esta não foi a primeira tentativa. Ficar lá não era uma opção. “Os curdos sírios são muito maltratados”, explicou ao National Post a irmã Teema, que ainda não tinha desistido de voltar a tentar outra candidatura de asilo para a o irmão e a sua família.

“Esta é uma notícia horrível”, comentou um deputado do círculo local, Fin Donnelly, que acompanhou o processo de pedido de asilo. “A frustração de esperar e os efeitos da inacção foram terríveis.” Agora Abdullah Kurdi já não quer ir para o Canadá. Aos jornalistas que o ouviram à porta da morgue da cidade de Mugla perto de Bodrum, onde ocorreu o naufrágio, disse, desfeito em lágrimas, que queria voltar para Kobane para enterrar a família. “Só isso poderá aliviar a minha dor”.

“Os meus filhos eram as crianças mais bonitas do mundo. Há alguém no mundo que não considere os seus fi lhos a coisa mais preciosa da vida?”, disse Abdullah. “Eu perdi tudo”.

Imigrantes desesperados atiraram-se à linha férrea e bateram-se corpo a corpo com polícias húngaros na estação de Bickse Aylan e o irmão Galip “As próprias pessoas que propõem sistemas de quotas sabem que é um sistema que não resolve nada”, afirmou na conferência de imprensa do fim do dia em Bruxelas. “É apenas uma declaração política. Temos é de proteger as fronteiras.” Ou, então, pagar para alguém impedir as pessoas que fogem das guerras de chegar às portas da Europa. “Enquanto deixaram Berlusconi negociar com a Líbia, não houve problemas. A UE terá de pagar o preço necessário, enviar dinheiro para a Turquia e a Jordânia [onde estão os maiores campos de refugiados sírios, com cerca de dois milhões de pessoas em cada país] para os manterem lá.” Londres recebe mais Em Londres, o primeiro-ministro, David Cameron, esteve sob intenso “bombardeamento” da opinião pública, porque, face às imagens da criança síria morta num naufrágio na Turquia que comoveram o mundo, disse estar “profundamente emocionado”, mas não indicou que o país poderia receber mais refugiados. Apenas disse que o Reino Unido “assumiria as suas obrigações morais”. “Mas não há uma solução para este problema que passe por simplesmente aceitar mais pessoas”, frisou.
Porém, face a uma campanha nos media e às críticas de políticos o ex-líder do Partido Nacional Escocês, Alex Salmond, disse que Cameron era “uma vergonha” para o Reino Unido , o Governo britânico estará a preparar um aumento do número de refugiados sírios que está disposto a receber. Mas serão pessoas que actualmente estão em campos de refugiados no Médio Oriente, diz o jornal The Guardian, e não as que tentam forçar a entrada na União Europeia.

A emoção provocada pelas fotografias do menino sírio que morreu afogado levou vários dirigentes a admitir que é preciso fazer mais para responder a esta crise humanitária, apesar de manterem a oposição a um mecanismo de quotas. “Não podemos acolher imigrantes económicos, mas temos a obrigação moral de aceitar refugiados”, disse a primeiraministra polaca, Ewa Kopacz, que até agora se opunha aos planos de redistribuição. Ana Fonseca Pereira Enquanto deixaram Berlusconi negociar com a Líbia, não houve problemas. A UE terá de pagar o preço necessário Victor Orbán primeiro-ministro húngaro 175 quilómetros de extensão tem a vedação que a Hungria está a construir na fronteira com a Sérvia CRISE DOS REFUGIADOS A foto do menino sírio Aylan Kurdi, de bruços sobre a areia, morto, numa praia na Turquia e que se transformou no símbolo mais chocante da actual crise de migrantes na Europa , provocou ontem uma nova onda de incredulidade. Mas, neste caso, o motivo foi a utilização da terrível imagem para alertar para o problema dos afogamentos.

A associação foi feita através de uma mensagem no Facebook, difundida pelo Conselho Português de Prevenção Civil (CPPC) organização não-governamental criada em 2011. A foto mostra de perto a criança de três anos, encontrada morta na praia depois de se ter afundado o insuflável no qual vários migrantes tentavam chegar à Grécia.

A mensagem começa por dizer: “Ensine o seu filho a nadar, para não passar o resto da vida a lamentar!”. E acrescenta: “Embora a imagem seja de uma criança migrante que infelizmente morreu na travessia, estas imagens devem ter por utilidade a dupla sensibilização pelo drama da migração e simultaneamente de acção preventiva dos afogamentos em quaisquer circunstâncias”.

Noutra mensagem, o CPPC mostra a mesma imagem e compara-a com a de uma operação de salvação de baleias numa praia não identifi cada. “Lamentamos a morte de crianças mas pouco fazemos para evitar estas tragédias. Infelizmente, mobilizamo-nos mais por outras espécies animais do que pela nossa própria espécie”, refere o texto.

As mensagens suscitaram mais de uma centena de comentários de indignação e foram retiradas do Facebook. João Paulo Saraiva, presidente do CPPC, entende que a mensagem foi mal interpretada. “Não compreendemos. Foi dada uma interpretação negativa, que desvalorizamos”, disse ao PÚBLICO.
Afirma que o texto da mensagem era mais longo, mas, por problemas técnicos de rede, não pôde ser colocado na íntegra. Ricardo Garcia Portugal pode receber cerca de 3000 refugiados, o dobro do número previsto até agora, soube o PÚBLICO de fonte oficial. O Governo não avança ainda com nenhuma data para a chegada dos primeiros grupos.

O ministro adjunto e do Desenvolvimento, Miguel Poiares Maduro, anunciou, no final do Conselho de Ministros de ontem, a constituição de “um grupo de coordenação a nível nacional” sobre esta matéria, que reunirá já na segunda-feira. “Portugal tem, seguramente, disponibilidade para acolher um número maior de refugiados, esperando que essa mesma solidariedade e disponibilidade também exista por parte dos outros Estados europeus”, declarou. Disse também que “há dimensões da própria resposta portuguesa que estão dependentes de decisões que têm de ser adoptadas a nível comum na Europa, nomeadamente o número de refugiados que Portugal irá, em última instância, acolher”.

Pela segunda vez esta semana, o secretário-geral do PS voltou a defender uma atitude “pró-activa” de Portugal neste domínio, considerando até trazer benefícios para o país no plano demográfi co e económico. E disse mais. Costa quer ver os refugiados a trabalhar nas fl orestas.
“Quando vejo o estado em que está a nossa floresta e vejo os proprietários e os autarcas das zonas de pinhal interior a queixarem-se de falta de mão-de-obra para a manutenção do pinhal (...) porque é que não criamos aqui uma grande oportunidade de recuperar um património que temos abandonado, uma nova oportunidade de vida para estas pessoas?”, advogou.

O PÚBLICO questionou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) sobre a grande discussão a fazer nas instâncias europeias para solucionar o problema dos refugiados. A resposta dada é que “não é possível combater o fenómeno das migrações sem identificar e combater as suas causas”, e que “é fundamental criar mecanismos de cooperação, nomeadamente com os países de origem e de trânsito, mantendo um diálogo construtivo e consequente, por forma a atacar as fragilidades motivadoras dos processos migratórios”.

É nessa linha que o governo integra a participação do país no diálogo Imagem de menino em alerta sobre afogamentos Margarida Gomes País está disponível para receber mais refugiados UE-África e o seu contributo como parceiro no chamado “processo de Rabat”, “um mecanismo fl exível e dinâmico de cooperação entre os estados implicados na rota migratória da África Ocidental”. Está também prevista a realização de uma cimeira de alto nível entre a UE e os seus parceiros africanos, a realizar em La Valletta, Malta, nos dias 11 e 12 de Novembro próximo, com o intuito, de acordo com a mesma fonte, “de reforçar a cooperação com os países africanos de origem e de trânsito ao longo das rotas migratórias, que têm por destino o espaço europeu” e que encara como “um marco político na definição de soluções a médio e longo prazo”.

A eurodeputada do BE, Maria Matias, que preside à delegação dos Países do Maxereque (Síria, Líbano, Egipto e Jordânia), esteve anteontem reunida com os embaixadores da UE naqueles países “tentando encontrar uma estratégia conjunta” e “respostas de urgência e respostas de médio e longo prazo”, declarou ao PÚBLICO.

Grupo decide plano Sobre o âmbito, dotação orçamental e amplitude em meios da estratégia nacional para a ajuda humanitária aos refugiados, fonte do MNE adianta que essa estimativa só poderá ser feita, “com rigor, depois de o grupo de coordenação concluir os seus trabalhos, uma vez que a sua missão será, precisamente, a de preparar um plano de resposta à ajuda humanitária a ser prestada por Portugal”.
Quanto à chegada dos primeiros refugiados a Portugal, a mesma fonte do ministério liderado por Rui Machete ainda não tem data prevista. “Não é possível prever a sua chegada a Portugal, nem o momento em que o respectivo processo terá início.” A justificação é que o Conselho Europeu tem de decidir como vai disciplinar “a recolocação dos requerentes de protecção internacional que se encontram na Itália e na Grécia”. Essas pessoas, adiantou, “serão acolhidas durante um período que se poderá prolongar por dois anos”.

O grupo de coordenação a nível nacional será constituído por representantes da Direcção-Geral dos Assuntos Europeus, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (que coordenará o grupo técnico), do Instituto de Emprego e Formação Profissional, da Direcção-Geral de Saúde e da Direcção-Geral da Educação e do Alto Comissariado para as Migrações.

Portugal mostra-se disponível para receber 3000 refugiados Governo espera por decisões a nível europeu. Líder do PS quer ver refugiados a trabalhar nas fl orestas. Grupo de coordenação nacional reúne-se segunda-feira ATTILA KISBENEDEK/AFP Juncker quer distribuir mais 120 mil refugiados, Portugal aceitará 3000 Madeira invoca “esforço civilizacional” e promete todas as condições aos migrantes | Presidente húngaro: “Se deixarmos entrar todos, será o fi m da Europa”