16.9.15

Políticos desafiados a medir impacto das medidas na pobreza

Henrique Cunha, in RR

Rede Europeia Anti-Pobreza apresenta estratégia para a erradicação da pobreza e exclusão.

A Rede Europeia Anti-Pobreza (REAP) defende a avaliação do impacto sobre a pobreza das medidas que venham a adoptadas pelos Governos em Portugal.

No dia em que apresenta a sua estratégia para a erradicação da pobreza e exclusão, a organização não-governamental critica "a idolatria dos mercados" e a incapacidade dos partidos em discutir a pobreza na campanha eleitoral.

O sociólogo Alfredo Bruto da Costa, que apresenta, na quarta-feira a publicação “Erradicar a Pobreza: Compromisso para uma Estratégia Nacional”, um documento resulta das reflexões de um grupo de trabalho dinamizado pela REAP, diz à Renascença que essa idolatria revela-se "um constrangimento, um condicionamento importantíssimo" para o combate aos fenómenos da pobreza e da exclusão social.

"O professor Adriano Moreira até fala da teologia do mercado - o mercado está a ser endeusado - e aí é que está o mal", lembra Bruto da Costa, apontando ainda falhas noutro plano: "A própria configuração da União Europeia não correspondente, de forma nenhuma, àquilo que deveria ser."

Bruto da Costa manifesta a esperança de que as legislativas de 4 de Outubro possam virar a página, mas lamenta que, até ao momento, a pobreza não tenha sido tema da campanha: “Estamos demasiado limitados pela estratégia e defesa de cada partido. Os partidos só têm discutido aquilo que do seu ponto de vista interessa ou para sua própria defesa ou para ataque do partido que lhe interessa atacar. E isto prejudica a temática do verdadeiro bem comum.”

Os signatários do documento que será apresentado no Palácio da Bolsa, no Porto, exigem uma estratégia que promova a erradicação da pobreza e exclusão social.

“Este documento não é um documento neutro do ponto de vista político", explica o sociólogo, sublinhando que se propõe a adopção da prática de "todas as políticas, em todos os sectores" serem avaliadas à priori sobre o seu impacto sobre a pobreza. "Queremos saber em que medida é que esta ou aquela política vai beneficiar ou prejudicar a pobreza em Portugal”, argumenta.

A pobreza não é uma inevitabilidade é a mensagem que pretendem passar os defensores de uma estratégia nacional de combate ao problema.

A apresentação do documento da REAP por Bruto da Costa será comentada por Frei Fernando Ventura e pelo professor e investigador Manuel Sobrinho Simões.