8.3.23

Alta comissária para as migrações admite crescimento do discurso xenófobo em Portugal

Guilherme de Sousa e Leonor Ferreira in TSF

À TSF, Sónia Pereira faz um balanço de três no Alto Comissariado para as Migrações, num momento em que o discurso xenófobo e racista tem aumentado no plano público e político.

A alta comissária para as migrações admite o crescimento do discurso de xenofobia em Portugal. Em entrevista à TSF, Sónia Pereira explica que, no entanto, não se pode associar esse comportamento ao surgimento de situações de violência, como por exemplo, a que ocorreu no mês passado e envolveu um imigrante nepalês.

"É prematuro dizer que o facto de esse discurso público e político ter hoje mais expressão possa estar associado ao surgimento de situações de violência. No entanto, temos de efetivamente estar vigilantes, acompanhar e monitorizar, porque em nenhuma circunstância isto pode ser negligenciado pelos serviços e pelo Alto Comissariado para as Migrações, em particular. Portanto, estamos atentos, acompanhamos", afirma Sónia Pereira.

No plano político, a alta comissária para as migrações refere que o Chega, liderado por André Ventura, "é o exemplo mais emblemático" do discurso racista e xenófobo. "Vamos vendo aqui e ali comentários que podem denotar essa ideologia associada a maior grau de xenofobia, comentários que são discriminatórios face a pessoas de determinadas origens e isso não se enquadra no quadro de valores do regime democrático português", sublinha.

A completar três anos no cargo, Sónia Pereira elege o acompanhamento dos imigrantes durante a pandemia como o momento mais marcante, ao mesmo tempo que o Alto Comissariado cumpria os compromissos internacionais.