Mostrar mensagens com a etiqueta Aumento dos preços. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Aumento dos preços. Mostrar todas as mensagens

25.5.23

Duarte Alves: "BCE reconhece que a inflação e aumento de preços é consequência dos lucros"

Duarte Alves, opinião, in Rádio Voz da Planície


Depois de ouvir vários setores da sociedade, a Voz da Planície entrevista nesta quinta-feira, dia 30, Duarte Alves, economista, mestre em Economia e Políticas Públicas, comentador para esta área, que nos faz uma análise das novas medidas apresentadas pelo Governo.

Para este economista “é preciso percebemos se vai ser refletida a redução do IVA nos preços”.

Mesmo que num momento inicial esta redução se verifique, alerta para a ausência de garantias de que os preços voltem a aumentar nestes seis meses em que a medida governamental durará, e que os seis por cento não voltem a ser incorporados nos preços finais pelas empresas de grande distribuição.

“Quando o primeiro-ministro diz que este acordo foi feito com base na boa-fé, e falamos de grandes distribuidoras como a Sonae e a Jerónimo Martins, não nos convence de que não possa haver um aproveitamento para incorporar esses seis por cento na margem dos supermercados”, refere.

Duarte Alves deixa o alerta para que, além da possibilidade anterior, finalizado o período da medida, os produtos vão voltar a ter IVA e logo, vão aumentar outra vez mais seis por cento.

Para Duarte Alves, “o que se impunha, neste momento, era o controlo dos preços, pois pudemos estar perante uma situação de transferência de recursos públicos do Estado para as empresas da grande distribuição, sem que isso se reflita verdadeiramente numa redução dos preços para os consumidores”.

O fundamental, destaca, “seria que o Governo assumisse, neste conjunto de bens essenciais, a disponibilidade de efetivar um controlo de preços”.

A questão dos salários e das pensões é outro tema levantado, nomeadamente pelo “contraste” que existe entre estes e os lucros dos grandes grupos económicos. Mesmo com o aumento de um por cento nos salários da função pública, que “continua a não corresponder ao aumento da inflação, não se recupera a perda de poder de compra que, em 2022, para os funcionários públicos, foi praticamente de um salário ao longo ano”.

No caso das pensões, a questão vai mais longe pois “continuam a levar com o corte que o Governo aplicou” com a entrega de meia pensão, “e não houve nenhuma medida para compensar a perda de poder de compra dos pensionistas, que é provavelmente quem mais sofre com problemas sociais e económicos”.

Para a economia do País, Duarte Alves sublinha que não havendo disponibilidade financeira das famílias, que se sentem cada vez mais empobrecidas, também não haverá consumo, nem desenvolvimento do mercado interno e logo da economia do País.

Nos lucros das grandes empresas esta medida não terá qualquer influência, pois as margens nada sofrerão, ficando “os lucros exatamente na mesma”.

Este economista refere que “o Banco Central Europeu (BCE) já veio dizer que esta espiral inflacionista vem dos lucros”. E deixa uma questão: “Se é o próprio BCE que reconhece que a inflação e o aumento de preços não vem dos salários mais sim dos lucros, do que é que está à espera o Governo para intervir sobre os lucros e aumentar os salários e as pensões?”

O Governo, salienta, “devia ouvir o que diz o BCE sobre a forma como os lucros estão a impulsionar a inflação”.

23.10.22

"Em situação de desespero." Furtos de alimentos nos supermercados aumentam

Por Cátia Carmo com Maria Augusta Casaca, in TSF

Vice-presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza confessa à TSF que não está surpreendida.

A vice-presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza diz que há pessoas desesperadas

Numa altura em que o cabaz básico de alimentos em Portugal está mais caro do que nunca há cada vez mais furtos de alimentos. Conservas, salsichas, atum e também pacotes de leite estão entre os produtos mais roubados, segundo o semanário Expresso.

O presidente da Associação das Empresas de Distribuição, Gonçalo Lobo Xavier, confirmou que os furtos estão a subir bastante, sobretudo desde o início de setembro e nos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto. Já Joaquina Madeira, vice-presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, não está surpreendida. Há pessoas desesperadas.

"Não me surpreende pela evolução e impacto que tem vindo a acontecer sobre os agregados familiares em geral e em particular sobre determinados grupos específicos, sobretudo aqueles que têm crianças. As pessoas estão, muitas delas, em situação de desespero, sobretudo os agregados mais vulneráveis e não só. As pessoas idosas, muito frágeis, e até pessoas que trabalham e cujo rendimento é insuficiente para terem uma vida digna. Estão em stress e, às tantas, começam a ficar completamente incapazes de resolver o seu problema. O desespero leva a comportamentos que são censuráveis, mas tem de haver uma certa compreensão por trás disso", explicou à TSF Joaquina Madeira.

A responsável defende que devem ser tomadas medidas urgentes porque é preciso atuar já.

"É preciso tomar medidas todos os dias, a começar pelos poderes políticos. É preciso um plano de emergência para acudir às necessidades básicas. Para já, não podemos admitir que existam portugueses, em Portugal, com fome. A pobreza é números, mas é sobretudo pessoas e famílias. Falta, por um lado, alargar em termos territoriais, a identificação de pessoas que se encontram nesta situação. Naturalmente que há pobreza envergonhada, muitas das pessoas que tinham uma vida equilibrada, de classe média baixa que viviam bem, neste momento têm vergonha da sua situação. É preciso que haja proatividade por parte das organizações para conhecer estas situações. Já se faz muita coisa, mas é preciso fazer mais e melhor", alertou a vice-presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza.

5.9.22

Aumento do rendimento tem de ser "de forma mais ou menos definitiva face aos preços"

João Duques, in RR

O economista João Duque analisa, n'As Três da Manhã, as possíveis medidas que o Governo poderá anunciar esta segunda-feira para responder ao aumento da inflação

O comentador d’As Três da Manhã analisou esta segunda-feira as potenciais medidas de combate à inflação a serem anunciadas hoje pelo Governo para ajudar as famílias, nomeadamente a atribuição de um cheque de 100 euros para as mais carenciadas e também da classe média.

“Faz sentido, naturalmente, quem é que não gosta de receber um cheque de 100 euros”, questiona João Duque, salientando contudo que o mais importante é “por quanto tempo” será aplicada a medida de apoio.

A taxa de inflação terá tido uma ligeira desaceleração dos 9,1% em julho para os 9% registados em agosto, de acordo com a estimativa do Instituto Nacional de Estatística (INE). Apesar da ligeira desaceleração, esta continua a ser a maior subida de preços homóloga em várias décadas.

“Aquilo que nós estamos à espera é que os preços não venham a baixar no futuro. E se os preços não vierem a baixar no futuro, nomeadamente os produtos alimentares, então vão manter os 100 euros para sempre? Porque não me lembro de subidas tão elevadas de preços seguidas de descidas tão elevadas”, defende o comentador.

A descida do IVA nos produtos é uma das medidas que considera possível, mas reitera que é necessário “manter para sempre” ou em alternativa “aumentar as pensões, os salários, etc. para fazer face à carestia de vida”.

Sobre a possibilidade de uma redução da retenção na fonte, o comentador defende que “não serve de nada”, explicando que “serve para fazer um ajustamento num período em que continuamos a sofrer forte inflação e vamos pagá-lo mais tarde”, o que não se traduziria numa grande diferença.

“A grande diferença está em aumentar o rendimento de forma mais ou menos definitiva face aos preços, que eu não prevejo que venham a diminuir 7% no ano que vem, em média”, acrescenta.

Para João Duque, é necessário fazer um aumento que se prolongue no tempo, aumentando assim o rendimento de forma mais ou menos sustentada.

Analisando o cabaz de bens que compõe o índice do INE, o comentador relembra que este “é mais afetado pelo índice preços na área alimentar” e que estes “preços dependem do preço do produtor”.

“Ora, quando os agricultores portugueses ainda estão à espera de pagamentos de promessas de maio deste ano, como é que nós queremos que os agricultores diminuam os preços na produção? E, portanto, não é possível. Primeira coisa, o Governo devia pagar aquilo que disse que ia pagar aos agricultores em maio, o que não fez em maio, em junho, em julho e em agosto para, pelo menos, por essa via, tentar precaver o aumento de preços da área alimentar.”

Sobre a possibilidade de adoção de medidas que sejam facilmente revertidas, como sugerido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, João Duque relembra que “há aqui um truque”.

“Quando a inflação baixar, por exemplo, para zero, isso significa que os preços do cabaz se mantiveram estáticos para sempre, portanto, dou agora alguma coisa e depois digo assim: ‘agora a inflação é zero e vou tirar’, isto é uma falácia”, conclui.

O Governo reúne-se, esta segunda-feira, em Conselho de Ministros extraordinário para aprovar um pacote de medidas de apoio ao rendimento das famílias que visa responder ao contexto atual de inflação e aumento do custo de vida.

31.8.22

Inflação alta abre a porta a subida de 5,43% nas rendas em 2023

Pedro Crisóstomo, in Público on-line

Actualização segue o valor da inflação, sem habitação, registada ao longo dos últimos 12 meses. Senhorios podem, ou não, aplicar o aumento.
31 de Agosto de 2022, 10:30

O elevado nível de inflação que se regista neste momento em Portugal vai permitir aos senhorios da maior parte dos contratos de arrendamento aumentar o valor das rendas no próximo ano em 5,43%.

A legislação portuguesa prevê a possibilidade de os senhorios actualizarem as rendas anualmente — quer as que estão no Novo Regime do Arrendamento Urbano, quer as do Novo Regime do Arrendamento Rural — em função da variação do índice de preços no consumidor, sem a componente da habitação, dos 12 meses terminados em Agosto do ano anterior.


Esse indicador foi conhecido nesta quarta-feira, com a divulgação da taxa de inflação deste mês. E como o Instituto Nacional de Estatística (INE) aponta para uma variação anual do índice 5,43%, isso significa que os proprietários podem avisar os arrendatários de que procederão a uma subida das rendas nessa dimensão, caso o contrato não preveja outro regime de actualização.

Se o Governo ou o Parlamento não tomarem nenhuma medida destinada a mitigar o impacto da inflação no mercado de arrendamento, será esse o ritmo de agravamento que os senhorios poderão aplicar. A variação que serve de base ao coeficiente usado para actualizar as rendas não é o valor da inflação (sem o índice da habitação) registado neste mês de Agosto, mas sim o valor médio dos últimos 12 meses (se fosse apenas Agosto, a variação seria de 9,24%, superior à própria variação da inflação total na economia, que foi de 8,97% este mês).

Na prática, este coeficiente de actualizarão representará um agravamento de 5,43 euros por cada cem euros de renda. Por exemplo, uma renda mensal de mil euros pode passar para 1054,3 euros; uma de 800 euros pode subir para 843,44 euros.

A actualização aplica-se tanto ao arrendamento no meio urbano (habitacional e comercial) como no meio rural.

O facto de a lei prever regras para os coeficientes de actualização não significa que todos os contratos terão um aumento desta ordem. Um proprietário pode não aplicar o aumento e, por outro lado, há contratos que podem prever outro regime de actualização.

Os senhorios têm de comunicar que pretendem avançar com o aumento e os inquilinos podem não aceitar o acréscimo, mas, nesse caso, têm de fazer uma contraproposta ou, numa situação limite, terminar o contrato.

Para os contratos de arrendamento habitacional anteriores a 1990 e os contratos da vertente comercial anteriores 1995 há uma excepção: as rendas continuam abrangidas por um regime transitório que impede a alteração do valor da renda de acordo com este mecanismo de actualização anual.

Este ano, os senhorios puderam fazer uma actualização de 0,43%, depois de em 2021 terem ficado inalteradas.

No primeiro trimestre deste ano, arrendar uma casa custava, nos novos contratos para habitação, o equivalente a 6,16 euros por metro quadrado. Se se pensar num T2 com 65 metros quadrados, a renda mediana, a nível nacional, estava nos 400,4 euros.

Na Área Metropolitana de Lisboa, o valor mediano é mais alto: chegou aos 9,1 euros por metro quadrado, o que representaria, para o mesmo exemplo de um T2 com 65 metros quadrados, uma renda mensal de 591,5 euros. Isto é na região que engloba não apenas a capital, mas também os restantes 17 municípios da grande Lisboa e da Península de Setúbal. Porque, olhando apenas para a cidade de Lisboa, o preço dos novos contratos era de 12 euros por metro quadrado. Tomando o mesmo exemplo, o valor mediano do T2 com os 65 metros quadrados já é de 780 euros.

Na região do Algarve, o custo mediano por metro quadrado no arrendamento está nos 7,12 euros, na Região Autónoma da Madeira nos 6,98 euros e na Área Metropolitana do Porto nos 6,58 euros.

De acordo com informação do INE divulgada pelo INE em Junho, relativa ao primeiro trimestre, houve um aumento da renda “em 23 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes e evidenciaram-se, com os maiores crescimentos homólogos, os municípios do Funchal (+17,2%), Matosinhos (+14,9%) e Vila Nova de Famalicão (+14,6%)”.

Os municípios de Lisboa, Cascais, Oeiras e Porto registaram valores e aumentos superiores aos do país, refere o INE.

30.8.22

Alimentação, habitação, energia, restaurantes e hotéis com subidas de preços a dois dígitos

in JN

A alimentação, habitação e energia, restaurantes e hotéis são as classes de produtos e serviços cujos preços mais aumentaram entre janeiro e julho, variando, respetivamente, 11,47%, 12,92% e 13,08%, segundo o Índice de preços do INE.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga esta quarta-feira a estimativa rápida da inflação em agosto, que não contém dados ainda detalhados, sendo estes conhecidos em 12 de setembro.

Medidas. Hotelaria e restauração, agricultura e construção com falta de trabalhadores

Os dados relativos a julho revelaram que a inflação homóloga avançou para 9,1%, superando a subida registada no mês anterior, sendo necessário recuar a novembro de 1992 para encontrar uma variação mais elevada.

A análise do índice de preços do consumidor medida pelo INE indica que entre as 12 classes de produtos de serviços que são consideradas, quatro registam variações de preços de dois dígitos na comparação entre julho e o início do ano, nomeadamente, alimentação e bebidas não alcoólicas; habitação, água, eletricidade e gás; transportes; e restaurantes e hotéis.

Na comparação homóloga, com julho de 2021, além destas categorias de produtos e serviços referidas, há mais uma (a dos acessórios para o lar) com uma subida de dois dígitos.

O agravamento dos preços já vinha a sentir-se desde o ano passado, mas acentuou-se este ano, com o início da guerra na Ucrânia e a forte subida dos preços da energia.

Segundo os dados do INE, a variação homóloga dos preços dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas avançou 14,0%, e 11,47% na comparação com o início do ano. Na habitação, água, eletricidade e gás, o aumento ascende a 17,7%, face a julho de 2021 e a 12,92% face ao início do ano.

A contribuir para a subida dos preços nesta classe de produtos está a variação dos preços da eletricidade (30,54% face a janeiro) e gás (23,54%).

Na classe que integra os restaurantes e hotéis, os dados do INE apontam para uma subida homóloga de 14,65% e 13,08% face ao início do ano, sendo esta explicada essencialmente pelos serviços de alojamento, com uma variação de 61,21% (face a janeiro), enquanto o serviço de refeições em restaurantes, cafés e similares subiu 4,38%.

24.2.22

Consumidores de gás natural vão sentir aumento "inevitável" do preço

in TSF

O aumento deve-se à situação na Ucrânia. João Pedro Matos Fernandes explica que uma das formas de se proteger a independência energética é a aposta nas energias renováveis.

ministro do Ambiente disse esta quarta-feira que quem consome diretamente gás natural vai sentir aumento "inevitável" dos preços, devido à situação na Ucrânia, que levou a Alemanha a suspender a certificação do Nord Stream 2, para transporte de gás russo.

"Quem usa diretamente gás natural, vai sentir esse aumento porque é inevitável, Portugal não fixa esse preço, é o preço de uma 'commodity' [matéria-prima], que é fixado a nível mundial", disse aos jornalistas o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Matos Fernandes, à margem da conferência final do Projeto E+C -- Economia Mais Circular promovida pela CIP -- Confederação Empresarial de Portugal, no Teatro Thalia, em Lisboa.

Ainda que cerca de 35% da eletricidade em Portugal seja gerada a partir de gás natural, o governante lembrou que se trata de um aumento de preço na origem que não significa um aumento para os consumidores.

"Quem está no mercado regulado não vai sentir esse aumento, mas sobretudo os produtores industriais, apesar do esforço que o Governo fez para que quase não tivesse havido aumentos, reconhecidamente têm contratos mais curtos e, portanto, esse risco [de aumento dos preços] existe", acrescentou o ministro do Ambiente.

Para o governante, uma das formas de se proteger a independência energética é a aposta nas energias renováveis, lembrando que, em 2021, Portugal conseguiu mais 700 megawatts de energias renováveis, "mais do que aquilo que a central do Pego produzia".

Na terça-feira, a Alemanha tomou medidas para interromper o processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, para distribuição de gás natural russo na Europa.

O executivo alemão está a tomar medidas para responder às ações de Moscovo na Ucrânia e, conforme explicou o chanceler alemão, Olaf Scholz, aos jornalistas "sem aquela certificação, o Nord Stream 2 não pode ser colocado em funcionamento".

A União Europeia (UE) depende fortemente das importações de gás natural, que é o segundo combustível mais utilizado nos 27 Estados-membros, a seguir ao petróleo e derivados, sendo a Rússia o maior exportador.

28.12.20

Pão, rendas ou eletricidade. Os novos preços dos bens e serviços para 2021

Ana Moura // Lusa, in Zap

Ano novo, vida nova, ou neste caso, ano novo, preços novos. Todos os anos os portugueses contam com novas atualizações nos preços de bens e serviços que são considerados essenciais. No próximo ano as rendas e as portagens vão manter-se inalteradas, o preço da eletricidade vai descer e do tabaco vai aumentar.

De acordo com as atualizações dos preços para 2021 já conhecidas, o preço da eletricidade para os consumidores do mercado regulado vai descer 0,6% a partir de 1 de janeiro de 2021, de acordo com a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).

Esta descida vai beneficiar os consumidores que ainda permanecem no mercado regulado – menos de um milhão – ou que, estando no mercado livre, tenham optado por tarifa equiparada. Já em 2020, a ERSE tinha decidido uma descida destas tarifas de eletricidade em 0,4%.

Relativamente às rendas das casas, o coeficiente de atualização para o arrendamento urbano e rural apurado pelo INE para vigorar entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2021 é de 0,9997 o que, na prática, dita uma manutenção dos preços das rendas.

Este coeficiente de atualização é aplicável às rendas em regime livre, para habitação com renda condicionada e para arrendamento não habitacional, caso as partes, inquilino e senhorio, não tenham acordado condições diferentes.

O congelamento das rendas em 2021 já era esperado uma vez que a inflação média dos últimos 12 meses, sem habitação, indicador que serve de referência, foi negativo (-0,01%).

Já o pão, um dos bens alimentares mais consumidos, pode sofrer alterações negativas para a carteira dos portugueses. A subida de 635 para 665 euros do salário mínimo nacional poderá ditar um aumento do preço de venda do pão, segundo perspetiva a indústria de panificação, ressalvando que o peso e o preço deste produto são livres.

Porém, nem todos os bens e serviços estão suscetíveis a aumentos no próximo ano. Os preços das portagens nas autoestradas deverão voltar a manter-se em 2021, tendo em conta que a taxa de inflação homóloga, sem habitação, em outubro foi negativa (-0,17%).

A fórmula que estabelece a forma como é calculado o aumento do preço das portagens em cada ano estabelece que a variação a praticar em cada ano tem como referência a taxa de inflação homóloga sem habitação no continente verificada no último mês para o qual haja dados disponíveis antes de 15 de novembro, data limite para os concessionários comunicarem ao Governo as suas propostas de preços para o ano seguinte.

A estabilização dos preços das portagens em 2020 e 2021 segue-se a quatro anos consecutivos de subidas: em 2019 as portagens nas autoestradas aumentaram 0,98%, depois de aumentos de 1,42% em 2018, de 0,84% em 2017 e de 0,62% em 2016.
Transportes

Para quem usa os transportes públicos diariamente também há boas notícias. Os preços dos transportes públicos coletivos de passageiros vão manter-se inalterados em 2021, de acordo com a informação divulgada pela Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT).

Os preços das viagens no Alfa Pendular são uma exceção, aumentando 0,5% a partir de 1 de janeiro. Assim, por exemplo, uma viagem no Alfa Pendular só de ida entre Lisboa e Braga, passará de 48,50 euros (em classe conforto) e 34,20 euros (turística), para 48,80 euros e 34,40 euros, respetivamente.

No que diz respeito às telecomunicações, a NOS não vai atualizar os preços em 2021, enquanto a Vodafone disse à Lusa que “à semelhança do que aconteceu no ano passado, não estão previstos aumentos generalizados de preços”.

Já a MEO adianta que irá proceder a uma atualização do preço base de mensalidade em tarifários/pacotes, com efeitos a 1 de janeiro de 2021, de acordo com o previsto contratualmente, sendo que os clientes abrangidos foram devida e atempadamente informados.

Por fim, o tabaco deverá ser um bem com aumento de preço. O Orçamento do Estado para 2021 altera a fórmula de cálculo do Imposto sobre o Tabaco (IT), medida que, segundo os cálculos da consultora Deloitte, deverá refletir-se num aumento do imposto em cerca de cinco cêntimos por maço de cigarros e que “previsivelmente, corresponderá a um aumento de 10 cêntimos no preço de venda ao público do mesmo maço”.