Por Cátia Carmo com Maria Augusta Casaca, in TSF
Vice-presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza confessa à TSF que não está surpreendida.
A vice-presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza diz que há pessoas desesperadas
Numa altura em que o cabaz básico de alimentos em Portugal está mais caro do que nunca há cada vez mais furtos de alimentos. Conservas, salsichas, atum e também pacotes de leite estão entre os produtos mais roubados, segundo o semanário Expresso.
O presidente da Associação das Empresas de Distribuição, Gonçalo Lobo Xavier, confirmou que os furtos estão a subir bastante, sobretudo desde o início de setembro e nos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto. Já Joaquina Madeira, vice-presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, não está surpreendida. Há pessoas desesperadas.
"Não me surpreende pela evolução e impacto que tem vindo a acontecer sobre os agregados familiares em geral e em particular sobre determinados grupos específicos, sobretudo aqueles que têm crianças. As pessoas estão, muitas delas, em situação de desespero, sobretudo os agregados mais vulneráveis e não só. As pessoas idosas, muito frágeis, e até pessoas que trabalham e cujo rendimento é insuficiente para terem uma vida digna. Estão em stress e, às tantas, começam a ficar completamente incapazes de resolver o seu problema. O desespero leva a comportamentos que são censuráveis, mas tem de haver uma certa compreensão por trás disso", explicou à TSF Joaquina Madeira.
A responsável defende que devem ser tomadas medidas urgentes porque é preciso atuar já.
"É preciso tomar medidas todos os dias, a começar pelos poderes políticos. É preciso um plano de emergência para acudir às necessidades básicas. Para já, não podemos admitir que existam portugueses, em Portugal, com fome. A pobreza é números, mas é sobretudo pessoas e famílias. Falta, por um lado, alargar em termos territoriais, a identificação de pessoas que se encontram nesta situação. Naturalmente que há pobreza envergonhada, muitas das pessoas que tinham uma vida equilibrada, de classe média baixa que viviam bem, neste momento têm vergonha da sua situação. É preciso que haja proatividade por parte das organizações para conhecer estas situações. Já se faz muita coisa, mas é preciso fazer mais e melhor", alertou a vice-presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza.